A extrema direita pode dar um show no 7 de Setembro. Por Moisés Mendes

Atualizado em 5 de setembro de 2022 às 11:55
Apoiadores de Jair Bolsonaro durante protesto em Brasília
Foto: AFP

Por Moisés Mendes

A extrema direita dos tios do zap deve apenas reafirmar no 7 de Setembro o que já está comprovado há muito tempo: o fascismo disfarçado de direita tem hoje um poder de mobilização muito maior que o dos democratas.

Não se trata de comparar a força de ir pra rua dessa gente com a capacidade das esquerdas de mobilizar militantes.

Essa comparação não precisa ser feita, porque a vantagem da extrema direita é inquestionável.

O que se compara é o poder desses grupos articulados em torno de Bolsonaro em relação aos democratas em geral.

Mais do que as esquerdas, todas as trincheiras da democracia estão perdendo a guerra para o bolsonarismo em todos os espaços, das redes sociais às ruas.

A direita ex-tucana e a extrema direita gerada pelo golpe de 2016, essa que também tem muitos tucanos desamparados, levam mais tios do zap para as ruas do que a esquerda consegue levar de jovens.

As caminhadas e concentrações realizadas contra Bolsonaro, no ano passado, nunca reuniram as multidões esperadas.

Já a direita do mundo virtual das fake news consegue ser uma direita analógica, presencial e ostensiva, com a mesma eficiência.

Não houve nos atos das esquerdas nada parecido com o 7 de Setembro de 2021 de Bolsonaro na Avenida Paulista.

Os atos de 7 de setembro deste ano prometem mais. São organizados por empresários urbanos, pelo agronegócio e por lideranças evangélicas.

São líderes de tios e tias do zap e dependem quase nada dos jovens.

Todos esses contingentes estão comprometidos com a ideia de que o evento será um ato explícito pró-golpe.

As esquerdas perderam essa guerra porque partidos, sindicatos, estudantes e OAB já não têm as lideranças, as estruturas e os apelos dos anos 70 aos 90.

Pastores, fazendeiros e tios do zap fazem hoje pelo golpe, sem força institucional relevante, o que os grupos progressistas, com organização, reputação e representatividade (que não têm mais), já fizeram pela democracia.

As ruas e as redes sociais das fake news estão sob o controle da extrema direita. Os atos do 7 de Setembro podem ser o grande espetáculo do fascismo.

Texto originalmente publicado no Blog Moisés Mendes

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Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/