A falsa equivalência da falsa guerra de versões. Por Moisés Mendes

Atualizado em 20 de julho de 2023 às 23:59
Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Foto: Reprodução

Publicado originalmente no “Blog do Moisés Mendes”

O fascismo conseguiu criar uma falsa equivalência entre a versão da autoridade que salvou a República em 2022 e a versão de um grupo avulso que expressa o poder de destruição da extrema direita.

Aconteceu o que eles queriam. Que Alexandre de Moraes, o ministro que enfrentou e venceu a sabotagem contra a eleição, tenha seus argumentos postos frente a frente com os de agressores identificados com as ideias dos sabotadores.

É o que temos. Desde o confronto no aeroporto de Roma, a mais destemida autoridade brasileira tem tudo o que informa como vítima confrontado com as alegações da família que a cercou e a hostilizou num ambiente público.

O que Moraes diz é apresentado, publicamente nos jornais, num esforço de confrontação de indícios e provas, ao lado do que diz a família de militantes bolsonaristas.

Como se os dois lados tivessem os mesmos pesos. É a situação esdrúxula que a degradada democracia brasileira nos oferece.

Numa situação normal, um cidadão pode ter suas versões postas na mesma balança das versões de uma alta autoridade, quando ambos, o cidadão comum e a autoridade, são partes envolvidas num conflito.

Mas não vivemos uma situação normal, nem o episódio de Roma é normal. Alexandre de Moraes não cuidou da gestão da eleição e a levou até o fim num ambiente normal, ou Bolsonaro não teria sido condenado e tornado inelegível.

As instituições não atuam há muitos anos num país sob normalidade. Não é normal que um grupo de extremistas afronte um juiz da mais alta Corte do país e, a partir das falsas controvérsias, tente inverter as posições de quem é vítima e de quem é agressor.

Não é normal que Alexandre de Moraes, a quem os brasileiros devem a salvação de uma eleição ameaçada, seja confrontado com os que o cercaram em Roma, como se a sua condição e a condição dos agressores fossem equivalentes.

Andréia Munarão, Alex Zanatta Bignotto e Roberto Mantovani Filho. Foto: Reprodução

Não há equivalência alguma. Nunca haverá equivalência entre quem defende a democracia e quem expressa, pelo ódio e pela agressividade, a mesma postura dos que sabotam a democracia. Ou quais seriam os outros motivos do cerco a Moraes?

Desde Sara Winter, há entre os extremistas uma aposta para saber quem cercaria Moraes e outros ministros do Supremo a ponto de tirá-los do sério.

O foragido Allan dos Santos manda recados dos Estados Unidos dizendo que o ministro é um tirano de merda e que um dia se dará mal.

O ex-deputado Daniel Silveira foi preso depois de fazer ameaças a ministros do Supremo e chamar Moraes de marginal.

O senador Marcos do Val iria grampear Alexandre de Moraes, após participar de uma reunião com Bolsonaro, para desqualificar o ministro, a eleição, o STF e o TSE.

Bolsonaro disse que Alexandre de Moraes é um canalha e que não iria cumprir nenhuma das suas deliberações.

As manifestações contra Moraes sempre formaram um mural de ameaças, blefes e às vezes críticas vagas e rasas.

Até que um dia apareceu a família no embarque do aeroporto de Roma, cercou o ministro e seu filho e conseguiu transformar o caso, segundo parte da grande imprensa, numa controvérsia.

O que há é uma agressão, que Moraes não inventaria (com que objetivo?), e as versões sobre os desdobramentos dessa agressão, na tentativa de transformar o ministro e o filho em homens violentos.

Não há como equiparar, para avaliação de condutas, nem Alexandre de Moraes nem qualquer outro ministro do Supremo ou do TSE a um grupo de agressores bolsonaristas.

Que Moraes não fique sozinho no enfrentamento dessa farsa. Nove ministros do Supremo (incluindo um que se aposentou) também são chamados há muito tempo, uns mais e outros menos, de bandidos, comunistas e comprados.

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