A falta de noção da esquerda que está problematizando as piadas de corno com Bolsonaro. Por Fernando Miller

Atualizado em 4 de setembro de 2021 às 16:48
Jair Bolsonaro

As recentes notícias sobre as traições ocorridas durante o segundo casamento de Jair Bolsonaro fizeram com que a palavra “corno” fosse associada ao genocida do Planalto nas redes sociais, sobretudo no campo progressista.

Simultaneamante, pessoas do mesmo espectro político posicionaram-se de forma contrária a esse movimento, apontando que trata-se de um fato da vida particular do mandatário ou afirmando que tal crítica seria machista.

Ainda que pertinentes dentro de uma visão atenta ao que convencionou-se chamar de “politicamente correto”, tais críticas soam divorciadas das necessidades que o momento politico exige.

Um dos mandamentos do marketing é que você deve explorar não as fraquezas dos concorrentes, mas sim suas supostas forças: é nesse aspecto da batalha comunicacional que essa movimentação nas redes deve ser compreendida. O humor e a exposição ao ridículo dentro de um tema tão caro aos valores conservadores, como a família, deve ser incentivada.

Nem se comente aqui que a traição é apenas um dos elementos da história dos esquemas de corrupção que desde sempre foram praticado pela família Bolsonaro. Isso não interessa a seus apoiadores.

O apoio ao genocida deve-se mais à identificação dos valores toscos que ele representa do que por qualquer outro fator: e ser o corno de uma relação nem de longe está dentro desses valores.

Os “machos alfa” , espécie caracterizada pelas fotos de óculos escuros em seus carros nas fotos de seus perfis nas redes sociais, em breve vão se sentir incomodados em serem defensores de um homem que, em suas visões mais machistas, ‘não dava conta’ nem da mulher que tinha em casa.

“Ah, mas a esquerda não devia se portar assim” ou “Estamos nos comportando como os adversários” são pensamentos válidos em momentos de normalidade democrática onde a paridade de armas vigora. Como sabemos, não é o caso.