A faxina no jornalismo de extrema-direita. Por Moisés Mendes

Atualizado em 7 de agosto de 2023 às 15:51
Os jornais Folha de S.Paulo, Globo e Estadão. Foto: Reprodução

Para fazer média com Lula, as corporações de mídia estão intensificando faxinas nas redações e mandando embora os jornalistas alinhados com a extrema direita.

Acontece em todos os Estados, incluindo o Rio Grande do Sul. São dispensados os que prestaram grandes serviços ao golpismo e ao fascismo, com ou sem ordem dos patrões.

Não são jornalistas de direita ou conservadores, que sempre existiram e devem, é ululantemente óbvio, desfrutar dos mesmos direitos dos colegas de esquerda.

São de extrema direita mesmo. Pregadores de violência, ódio, racismo e negacionismo. Alguns são criminosos pregadores da cloroquina e sabotadores da vacina.

Tem ingratidão e tem erro estratégico nessa limpeza. As corporações deveriam tentar, e nunca tentam, fazer o equilíbrio de direita e esquerda em seus quadros.

Mas a saída nos últimos anos tem sido a do subterfúgio. Contratam gente de fora das redações, para dar opinião política, e fogem da responsabilidade de que empregam jornalistas com posição assumida.

Terceirizam a opinião, principalmente a de esquerda. É o modelo consagrado pela Folha de S. Paulo, que contrata o que genericamente definem como cientistas, ao invés de jornalistas, para que palpitem sobre qualquer assunto.

Os dispensados de extrema direita experimentam agora o que muita gente de esquerda experimentou na ditadura e também sob democracia nas últimas décadas e, mais recentemente, pouco antes do golpe de 2016 e da ascensão do bolsonarismo.

É a gangorra do cinismo. A prioridade hoje é fazer média com Lula e tentar realinhar posições, inclusive com as empresas e o mercado publicitário, depois do fracasso do golpe.

Mas há organizações marcadas na testa como assumidamente fascistas. Podem se livrar de todos os serviçais que agora incomodam, mas não irão apagar a tatuagem de extremistas.

São corporações covardes, que abandonam profissionais na sarjeta para tentar salvar seus negócios. São megapicaretas pedindo trégua.

Publicado originalmente no blog do autor

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Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/