A foto de Eduardo Bolsonaro com uma arma na cintura é mais um tiro no pé do turismo

Atualizado em 10 de setembro de 2019 às 9:41

 

No mesmo dia em que um de seus irmãos deixou explícito que as mudanças pretendidas pelos Bolsonaro não se dariam por vias democráticas e que seu pai revelou o nível de profundidade intelectual de seu programa de TV favorito, Eduardo Bolsonaro também não surpreendeu.

Vulgo zero-três visitou o pai no hospital Vila Nova Star com uma pistola Glock enfiada na cinta.

Nada de novo. Na primeira vez que vi Eduardo Bolsonaro numa das manifestações pró impeachment, ele estava armado. Sabe-se que anda assim sempre. Zero-três possui porte de arma por ter cargo de policial federal.

E como não bastasse ser troglodita, é preciso mostrar-se troglodita. Postou a foto nas redes sociais com a legenda:

“Tudo bem com Jair Bolsonaro. Mais uma vez agradecemos a equipe médica que realizou a cirurgia e a todos que oraram, rezaram ou de alguma maneira enviaram energias positivas. Deu certo.”

Pergunto-me o que um pretenso turista, em planejamento de férias, pensaria ao ver uma imagem como aquela.

Se as pessoas estão portando armas na cintura até para visitar o pai – que é presidente do país – dentro de um hospital, qual o grau de segurança desse lugar? Você optaria pelo Brasil para a próxima viagem?

Enquanto seu pai assistia ao programa infantil Chaves (acredite se quiser), Eduardo Bolsonaro conseguiu, num só tiro, desacreditar o aparato de segurança da presidência e piorar mais um pouco a imagem do país perante o mundo.

O candidato à diplomata (indicado por notório saber na arte de fritar hambúrgueres) deve crer que sua pose de pistoleiro colabora com a imagem do Brasil.

Na verdade, associado aos vídeos toscos na mesa da sala de casa, expõe-nos como um país de jagunços.

Enquanto o território arde em chamas, programas de assistência social viram cinzas, a economia patina, livros são amaldiçoados e a segurança pública vai de mal a pior, o clã biroliro demonstra truculência em verborragia e fotos.

“Por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá”, disse Carlucho.

“Cara, se quiser fechar o STF sabe o que você faz? Não manda nem um jipe. Manda um soldado e um cabo”, falou Eduardo.

“Isso daí, tá ok”, meditou o patriarca.

Assim vamos assistindo a imagem do país se deteriorando em velocidade assustadora.

A inaptidão dessa turma não se resume a nomear como embaixador do turismo brasileiro alguém que está com o passaporte apreendido (sim, a Embratur – instituto ligado ao Ministério do Turismo – cometeu a façanha ao dar o cargo ao jogador Ronaldinho Gaúcho). É preciso desrespeitar esposas de presidentes com termos baixos, é necessário cometer a grosseria de não receber um ministro francês alegando agenda cheia e, provocativamente, fazer uma live direto da barbearia.

É preciso incentivar o extermínio de populações indígenas e liberar centenas de agrotóxicos proibidos no resto do mundo.

O que os Bolsonaro estão fazendo com o país foi sintetizado ontem: Apreço pela ditadura, incentivo à violência civil armada e emburrecimento em frente à TV. Tudo num só dia.

Qual futuro nos espera?