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A gestão privatista de Parente na Petrobras foi desastrosa, mas pedagógica. Por Carlos Fernandes

Parente ao lado de Michel Temer

Após dois anos de uma administração entreguista e subserviente aos interesses estrangeiros, Pedro Parente, o “excelente gestor” nas palavras de Miriam Leitão, nos provou, da pior maneira possível, que não podemos abrir mão de nossas grandes empresas.

Foi justamente essa gestão “privatizada”, em que apenas o lucro interessa indiferente às necessidades nacionais, que fez o caos se instalar num país já arruinado pelo desprezo à democracia.

Ao indexar o preço dos combustíveis às variações internacionais, o governo simplesmente deu as costas para o povo brasileiro para ajoelhar-se ao capital internacional.

O resultado foi desastroso, mas pedagógico.

A paralisação de poucos dias dos caminhoneiros, apoiados ou não por movimentos patronais, tinha, obviamente, a sua razão de existir.

O aumento desenfreado e desmedido dos preços dos combustíveis num país completamente dependente do petróleo, uma hora traria suas consequências.

E elas custaram algo em torno de R$ 10 bilhões distribuídos nos mais diversos setores da indústria, comércio, serviços e agricultura. Sem falar no corte nas arrecadações de impostos que deverá ser suprido, como de costume, pelo malfadado contribuinte.

Uma verdadeira hecatombe para uma economia que já patina sobre o desespero de quase 14 milhões de desempregados.

Na peleja que se travou entre o palácio do Planalto e as boleias de caminhões, a surra que Michel Temer levou só não foi maior porque o governo ainda mantém o controle da Petrobrás.

Estivesse completamente privatizada e a redução dos preços do diesel e da gasolina nas refinarias não se dariam por simples decreto. O sofrimento persistiria por muito mais tempo.

Está provado, por mais uma vez, que se desfazer do controle de empresas estratégicas de extrema importância para o conjunto da economia nacional não é só uma traição à pátria, é um ato burro.

As propostas de privatizações da Eletrobrás, dos bancos públicos e da própria Petrobrás que vira e mexe voltam à pauta na primeira oportunidade, tornariam nulos qualquer poder de correção das distorções do sistema capitalista.

A “mão invisível do mercado”, como podemos ver, nunca foi um mediador muito confiável. Deixar essas manobras corretivas em prol do bem social nas garras dos abutres internacionais, é decretar a falência definitiva do Estado como mantenedora da soberania do povo brasileiro

Seria uma catástrofe não só para a classe pobre, mas também para a nossa peculiar classe média que brada contra a corrupção enquanto frauda o imposto de renda.

Essa horda que até pouco tempo atrás batia panela pelo “Estado mínimo”, retomou sua sinfonia desafinada, sem saber, em busca de um Estado não tão mínimo assim.

São as voltas que o mundo dá. Só não devem estar mais envergonhados porque a ignorância é um vigoroso entorpecente moral.

Carlos Fernandes

Economista com MBA na PUC-Rio, Carlos Fernandes trabalha na direção geral de uma das maiores instituições financeiras da América Latina

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