A Globo, o Datafolha, Ciro e a eterna sentença de Brizola. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 20 de setembro de 2018 às 15:29
Logotipo da Globo. Foto: Divulgação

Ah! As voltas que o mundo dá.

A ficha caiu de vez na Rede Globo. O seu candidato declarado, Geraldo Alckmin, está definitivamente fora das eleições de 2018. Aliás, a julgar pelo seu desempenho, está fora de qualquer outra eleição presidencial daqui para a frente.

Alijada do que seria uma fonte praticamente inesgotável de financiamento público aos borbotões, se vê diante uma realidade que, para ela, representa o pior dos mundos.

De um lado, Jair Bolsonaro, um troglodita que impôs a Miriam Leitão, em horário nobre, uma das cenas mais bizarras da televisão brasileira ao ter que repetir uma nota de seus chefes, ditada via ponto eletrônico, justificando o seu apoio à Ditadura Militar e seu posterior “arrependimento”.

A Globo sabe que o que restou de democracia nesse país não resistiria a um ano de um governo liderado por um sujeito como Bolsonaro. É demais até para os padrões “Globais”.

O problema é que do outro lado está Fernando Haddad. A síntese do que representa o poder democrático. A materialização da vingança popular frente a um golpe jurídico-parlamentar-midiático que ceifou direitos e empurrou milhões de brasileiros de volta para o insulto da miséria.

A eleição de Haddad representará para a Globo a sua maior e mais danosa derrota. Ela sabe que uma das grandes missões do petista é mexer no “vespeiro do oligopólio das comunicações”. Algo que o PT tem falhado miseravelmente até aqui. Se confirmado, será um desastre para os Marinhos.

Dado o cenário, eis que surge a sua contratada, o Datafolha. Meio que ressuscitando o velho sonho da terceira via, destoa faceiramente de todos os demais institutos de pesquisa.

Pelos números divulgados ao som das badaladas da meia noite – outra curiosa inovação – as tendências se mostram exatamente as mesmas de todos os demais institutos, mas as nuances, protegidas pela miraculosa margem de erro, trazem um pouco de luz ao horizonte turvo que se formou na campanha de Ciro Gomes.

A Globo sabe, e o Datafolha também, que a única saída que lhes restam, mesmo que a contragosto, encontra-se no pedetista. Não é à toa que os lacaios da Globo News já defendem abertamente a pregação do voto útil no seu mais novo ungido.

Mantê-lo vivo, portanto, ainda que respirando por aparelhos, se faz imprescindível. É a grande mudança que a Globo faz para que no fim nada mude.

Não deixa de ser uma grande ironia.

Justamente a Globo, depois de tudo, dispor todos os seus canhões em defesa de um candidato do PDT.

O grande dilema, porém, é o que farão os pedetistas e seus simpatizantes com a eterna sentença do seu maior quadro, Leonel Brizola.

Segundo esse nobre e inesquecível brasileiro:

Quando vocês tiverem dúvidas quanto a que posição tomar diante de qualquer situação, atentem… Se a Rede Globo for a favor, somos contra. Se for contra, somos a favor

Ah! As voltas que o mundo dá.