
Mesmo impedido de disputar as eleições de 2026 por causa da inelegibilidade e da condenação por tentativa de golpe, Jair Bolsonaro segue como a figura central da direita. O ex-presidente, atualmente em prisão domiciliar, deve usar aliados e familiares como porta-vozes e pretende ditar os rumos da campanha.
Segundo dirigentes do PL ouvidos pela revista Veja, Bolsonaro será o responsável por escolher o nome que representará seu grupo político na corrida presidencial. A legenda também quer que ele decida o vice, contrariando líderes do Centrão que defendem uma composição mais ampla.
“Nós devemos isso a ele”, disse Valdemar Costa Neto, presidente do PL, em conversa com aliados. Ele argumenta que o partido cresceu nacionalmente após a chegada de Bolsonaro, tornando-se uma das maiores forças políticas do país e atingindo cerca de 20% da preferência partidária.
O Centrão, porém, resiste à ideia. Líderes de partidos como PP, PSD e Republicanos defendem uma chapa compartilhada, em que Bolsonaro indique o cabeça de chapa, mas o grupo tenha autonomia para escolher o vice. A intenção é equilibrar forças e evitar que o PL monopolize as decisões eleitorais.

Entre os nomes cogitados para a disputa estão os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Ratinho Júnior (PSD), do Paraná: ambos vistos como potenciais herdeiros políticos do ex-presidente.
Para a vice, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e a senadora Tereza Cristina (PP-MS) surgem como alternativas apoiadas pelo Centrão.
Interlocutores do grupo afirmam, no entanto, que Bolsonaro deverá manter poder de veto sobre o nome do vice, em um gesto de conciliação. A escolha é considerada estratégica para atrair partidos, ampliar o tempo de propaganda e garantir mais recursos do fundo eleitoral.