A herança do PSDB em SP e a incrível marca de 60 CPIs barradas na Alesp. Por Paulo Bufalo

Atualizado em 16 de junho de 2018 às 8:50

Publicado originalmente na Carta Campinas

POR PAULO BUFALO, professor de escola pública do Centro Paula Souza, engenheiro e mestre em educação. Militante do PSOL

Márcio França, Serra e Alckmin

Há três décadas o estado de São Paulo está sob o mesmo projeto político e há mais de duas é governado pelo PSDB. Sofre com os ataques aos direitos e ao patrimônio do povo paulista, em nome de interesses da FIESP, com seus patos e sapos, do agronegócio predatório e do verdadeiro cassino financeiro na BOVESPA.

Com as privatizações venderam o patrimônio público, transformaram direitos sociais, como a saúde e a educação, em mercadoria e aumentaram o custo de vida em todo estado cercando as cidades com pedágios. Alckmin, antes de ser governador, coordenou todo o processo de privatização do patrimônio público, inclusive as ferrovias, e como governador o intensificou entregando, principalmente, as rodovias do estado.

Resultado? Mais da metade das praças de pedágios do Brasil estão em São Paulo e o custo cobrado está entre os maiores do mundo. São cerca de 200 pedágios e isto faz com que os produtos básicos, como alimentos e roupas, transportados pelo estado fiquem até 25% mais caros. Alckmin tornou-se, com efeito, o senhor dos pedágios e do aumento do custo de vista de todo povo paulista.

Outras heranças do PSDB para São Paulo são escolas e hospitais fechados, presídios lotados, aumento do extermínio da juventude pobre e negra, extrema violência policial nas periferias e brutal repressão contra quem ouse enfrentá-los. Na educação, por exemplo, foram responsáveis pelo desmonte e extinção dos CEFAM`s que promovia a formação de professores da educação básica e, só no último governo Alckmin, fecharam cerca de 2 mil salas de aula, gerando evasão de alunos, superlotação e demissão de professores.

Além disso, seguros pela seletividade da justiça, os tucanos estão envolvidos em escândalos de corrupção como do metrô, rodoanel, Alstom, merenda escolar, entre tantos outros abafados e engavetados.

O estado enfrenta ainda a total falta de planejamento. As cidades do interior são mantidas de pires nas mãos para pedirem bênçãos ao governador e aos deputados de sua base que só fazem clientelismo e protegem seus esquemas.Vivem esta realidade, mesmo cidades como Campinas, terceira maior do estado e sede de uma Região Metropolitana que gera mais riqueza do que 18 estados brasileiros.

Diante das consequências desta política sobra hipocrisia por parte dos governantes. Quando faltou água culparam até São Pedro, mas não tratam sequer o esgoto do Palácio dos Bandeirantes. Quando o problema foi a dengue, a febre amarela ou a volta de doenças erradicadas culparam as cidades e a população, mas sucatearam a SUCEN (Superintendência de Controle de Endemias) e estão desmontando toda área de pesquisa e tecnologia do estado.

Enquanto isso, a Assembleia Legislativa de São Paulo abriu mão de suas prerrogativas, se tornou um puxadinho do governo e homologadora dos descalabros do PSDB. Exemplo é o fato de que nenhum pedido de investigação ou CPI foi seriamente levado adiante nas últimas décadas. E o número de CPI’s arquivadas pelos deputados estaduais aliados do governo é escandaloso. Foram barrados mais de 60 pedidos que investigariam temas como: desvios e superfaturamento da merenda escolar, irregularidades na compra e manutenção da trens, abusos do poder econômico por empresas privadas de transporte, irregularidades nas mudanças do ensino técnico, superfaturamento das obras do Rodoanel, desvios de recursos da Saúde, entre outros escândalos.

Por tudo isso e por democracia e mais direitos, é fundamental derrotar este projeto político de três décadas no Executivo e no Legislativo paulistas. O estado economicamente mais rico da federação não pode seguir maltratando seu povo e violando direitos sociais básicos.