A hipocrisia de Faustão ao falar do Criança Esperança

Atualizado em 19 de agosto de 2014 às 12:03
Faustão
Faustão

 

Faustão é um fanfarrão. Com todo o respeito.

No último domingo, ele fez a propaganda de uma das ações mais cínicas da Globo, o Criança Esperança, o triunfo do filantropismo farisaico e oportunista.

Já escrevi uma vez e repito: muito melhor que fazer coisas como o Criança Esperança é a Globo, simplesmente, pagar os impostos que sonega.

Faustão promoveu o Criança Esperança com argumentos tão nocivos quanto o próprio programa.

“Você que paga imposto e sabe onde esse dinheiro vai parar, aqui é diferente”, disse ele. “É tudo transparente.”

Ele estava afirmando que político é tudo ladrão, ou pelo menos os deste governo.

É uma pregação que faz um enorme mal ao Brasil. Gera descrédito no país e golpeia a auto-estima dos brasileiros.

Em sua falação desenfreada, Fausto Silva mostrou — ou fingiu — ignorar os bilionários pecados de sua empresa no capítulo do pagamento dos impostos devidos.

Ou foi má fé cínica ou miopia córnea, para usar a célebre expressão de Eça.

O mais patético é que Fausto Silva, como um pastor evangélico, se dirige aos brasileiros mais simples e mais vulneráveis à manipulação que lhes tira dinheiro do bolso.

O Criança Esperança é uma beleza — para a Globo. Ela se faz de generosa, não paga cachê aos artistas que participam e ainda arrecada dinheiro com a publicidade que vende no programa.

A beneficência é apenas dos telespectadores que doam seus parcos recursos.

O Brasil será um país melhor quando a Globo simplesmente pagar os impostos que deveria pagar.

O resto, a começar pelo Criança Esperança, é blablablá hipócrita.