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A histeria golpista de Aécio tem duas velhas causas: Alckmin e Serra. Por Kiko Nogueira

O que importa é a beleza interior

 

A histeria permanente de Aécio Neves — seu estado de alerta lembra o de um dobermann ouvindo barulho no portão — é sobretudo uma questão de timing, mais do qualquer outra coisa. Aécio é um homem apressado e acossado.

Ele abusou novamente de sua cantilena sublacerdista numa sessão de palestras de economistas ligados ao PSDB.

“Fomos acusados de pessimistas no passado. Agora mudam o termo e essas pessoas são chamadas de golpistas”, disse. “Golpe é usar dinheiro do crime para obter votos”.

“Hoje vimos uma presidente da República obcecada com o próprio fim do seu governo”, afirmou. O cenário, segundo ele, é “tenebroso”.

É tenebroso para Aécio porque ele precisa de novas eleições agora. Cada pesquisa de um instituto paraná da vida o enche de esperança, enquanto um relógio interno na moleira faz tique taque tique taque.

Num caso de impeachment de Dilma, e se Temer ficar, existe uma corrente que defende que o partido lhe dê sustentação política. E uma velha figura surge das trevas.

José Serra assinalou, num Roda Viva, que estaria pronto para servir a pátria com Michel Temer. “Como foi com o Itamar”, falou. Serra estaria investindo num posto de ministro. Dali, em 2018, lançaria sua candidatura a presidente — pelo PSDB ou mesmo o PMDB.

Para complicar ainda mais o meio de campo de Aécio, há Geraldo Alckmin, montado em São Paulo, locomotiva de seja lá o que Deus quiser. Alckmin já deixou claro que a crise é “governista” — portanto, Serra e os tucanos deveriam ficar de fora.

Num seminário em seu instituto, Fernando Henrique Cardoso resumiu o drama: “Um quer que a Dilma saia hoje. Outro, que tenha nova eleição. Outro, que ela fique até 2018. Até entendo que todo político tenha seus interesses pessoais, mas tem hora em que temos que entender que há algo maior em jogo, o país”.

É uma ironia que FHC, que vem fazendo de tudo para fomentar a instabilidade, incluindo sugerir a renúncia, declare que há algo maior em jogo. A não ser que ele esteja se referindo a pegar uma tela com Fernando Haddad.

O país, que nunca importou de fato, não passaria a importar agora.

 

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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Kiko Nogueira

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