A inacreditável sobrevida do CD

Atualizado em 28 de maio de 2013 às 12:30

Quando você acha que ele se foi, ele aparece de volta.

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A dupla francesa Daft Punk, que vendeu 165 mil CDs nesta semana

 

O CD é obsoleto, todos sabemos. O primeiro passo para isso acontecer foi a criação do Napster. De lá para cá, uma enorme série de programas e sites, legais ou não, o empurraram para o buraco.

Mas leio hoje em um site inglês que o novo álbum da dupla francesa Daft Punk (sobre o qual escreverei nesta semana) vendeu 165 mil copias no país em apenas uma semana. Isto significa que, independentemente de ser menos do que um best-seller venderia há dez anos, o CD sobrevive.

Este número deve gerar um lucro líquido de aproximadamente meio milhão de libras à companhia que o comercializou. Em uma semana. É um numero que não é para se jogar fora, até para um fazendeiro que cultiva soja.

A explicação para esta sobrevida está, me parece, no porquê o CD deixou de ser o nosso meio preferido para ouvir música. Vejamos, por exemplo, o vinil. Ele foi substituído pelo CD por causa da qualidade do áudio. Com um CD, você ouve a música com mais clareza que com um disco de vinil.

Para tentar ser bem claro e não muito técnico, o som é uma soma de freqüências que são geradas quando vibram as cordas de um instrumentos, por exemplo. Um CD gera todas as freqüências audíveis por igual, enquanto o disco de vinil gera muito grave e pouco agudo. O CD é, portanto, mais natural. Sua voz pode sair num CD exatamente como ela soa se falada aqui ao meu lado.

O CD, por sua vez, foi substituído por uma questão prática. Nós sabemos que o MP3 que baixamos é pior. Mas é prático, por uma série de motivos que incluem o preço.

Mas quando queremos ouvir aquele som, daquele artista, nós compramos o CD. Eu, pelo menos, compro – até porque preciso de referencias de áudio para o meu estúdio. Preciso saber como o as músicas novas do David Bowie estão soando, e o MP3 não me dá essa noção.

Em mais alguns anos, a venda de músicas em alta definição pela internet deve se proliferar. Já começou há algum tempo, mas os sites mais importantes, como a Amazon e o ITunes, ainda não vendem os formatos que se encontra no CD.

É bom lembrar que, na prática, a música que está dentro de um CD não é nada além de um arquivo digital. São arquivos em WAV ou AIFF. Se a Apple ou a Amazon se derem conta de que há um mercado consumidor interessado não em ouvir a música, mas eu escutar música, elas começarão a vender com alta definição. Ainda mais com a velocidade dos nossos computadores e da nossa internet aumentando.

Uma vez que isso aconteça, o CD sobreviverá como o vinil. Será coisa de colecionador romântico.

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Emir Ruivo é músico e produtor formado em Projeto Para Indústria Fonográfica na Point Blank London. Produziu algumas dezenas de álbuns e algumas centenas de singles. Com sua banda, Aurélios, possui dois álbuns lançados pela gravadora Atração. Seu último trabalho pode ser visto no seguinte endereço: http://www.youtube.com/watch?v=dFjmeJKiaWQ