Em momentos tão duros e intolerantes com respeito às diversidades (políticas, raciais, religiosas, sexuais etc), chega aos cinemas uma produção corajosa e elucidativa, tão corajosa quanto seu personagem principal: Nise.
O filme conta a história de Nise Da Silveira. Progressista, inflamada e humanista, Nise é uma daquelas figuras que o Brasil merecia conhecer melhor. Em 1926, contrariando os padrões machistas e preconceituosos vigentes, ela se formou em medicina em uma classe de 157 homens em Salvador, única mulher no grupo.
No ano seguinte, transferiu com o marido Mario Magalhães (sanitarista e ex-companheiro de faculdade) para o Rio De Janeiro, onde sua intensa atividade intelectual e curiosidade lhe aproxima dos meios literários e políticos vanguardistas da capital brasileira. Foi aprovada em concurso para psiquiatra, onde começa a sua grande aventura.
Filia-se ao Partido Comunista e durante a intentona é presa por 18 meses a partir de 1936 junto com vários intelectuais da sua geração, inclusive Graciliano Ramos, que a torna personagem de seu clássico “ Memórias do Cárcere”.
Vive em semiclandestinidade até 1944, quando é reintegrada ao serviço público no Hospital Engenho de Dentro, onde começa a esmiuçar o tema mais fascinante de sua trajetória como medica e humanista. Contrapõe-se aos tratamentos medievais (eletrochoques e lobotomias) a seres humanos que seriam apenas mais dejetos inanimados para psiquiatria daqueles anos.
Consegue transformar um setor que era relegado aos internos como “setor de limpeza e manutenção” em um espaço de exercício da imagem e códigos inalcançáveis aos terapeutas da época.
Cria os ateliês de pintura e modelagem, funda e estuda profundamente a humanização psiquiátrica para deixar a partir desse novo padrão revolucionário aflorar em seus “clientes” os mais íntimos desejos e signos. Acabou se aproximando de Carl Jung, a quem se refere como mestre e com quem se correspondeu, estudando profundamente suas teorias.
O filme retrata exatamente o período de seu retorno pós-cárcere às atividades medicas e a investigação das zonas ainda não alcançadas da psique, usando da terapia ocupacional e a arte como ferramenta revolucionária. Com uma direção segura dos atores e caracterização dos internos sem esbarrar em clichês globais, auxiliada por uma direção de arte bem equilibrada, Nise emociona.
Conduz o espectador ao período remoto da psiquiatria, onde não se contava com a sensibilidade e a tolerância ao estranho, o diferente. Obras de artistas reprimidos em suas cavernas intocadas foram salvas pela mão acolhedora do processo terapêutico iniciado por Nise.
Gloria Pires no papel principal esbanja segurança e emoção. Em alguns momentos é difícil conter as lagrimas, mas não as reprima, pois a dor e o sofrimento que se vêem na tela podem ser libertadores.
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