A índia que Bolsonaro levou à ONU sabe que ele nunca a considerou um ser humano. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 25 de janeiro de 2020 às 10:04

“O índio mudou, está evoluindo, cada vez mais o índio é um ser humano igual a nós”, disse Jair Bolsonaro numa de sua inacreditáveis lives.

Onde está, nessa hora, sua mascote Ysani Kalapalo, moradora do Xingu, que ele levou à ONU em setembro?

Como o deputado Hélio Negão, Ysani é papagaio de pirata que serve para aplacar acusações de racismo e xenofobia do chefe.

Ficou famosa xingando ONGs de “bando de filho da puta”, dizendo que as queimadas na Amazônia são fake news, atacando “comunistas”, adorando seu mito.

Quando a revista Época publicou a matéria sobre a filha que Damares “adotou”, acusou os jornalistas de entrarem na reserva “sem autorização da Funai”.

Bolsonaro já havia feito o seguinte lamento: “Pena que a cavalaria brasileira não tenha sido tão eficiente quanto a americana, que exterminou os índios”.

Ysani concorda.

O ódio de Ysani Kalapalo é a si mesma e, por extensão, a seu povo.

Cada vez mais é um ser humano igual a Bolsonaro. Um dia chega lá. Quem sonha, alcança.

Já pode pegar sua Glock e executar os animais com quem viveu esse tempo todo. 

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.