A instituição a que amorosamente chamamos de nosso país

Atualizado em 8 de setembro de 2022 às 17:02

Publicado em Jornalistas pela Democracia

Por Hildergard Angel

“É preciso entender. O eleitor do Bolsonaro não vai ficar constrangido ou mudar de opinião vendo a diarreia mental e o rebosteio que as ideias do seu candidato provoca. Isso exige um outro patamar de civilidade, de sensibilidade humana. Não é por argumento,

História, números, estudo técnico, que o eleitor do Bolsonaro se interessa. Eles querem é um amplificador do seus próprios preconceitos. Uma metralhadora de frases de efeito. Dai a empatia. O Bolsonaro é uma auto imagem de muitos brasileiros: racista, homofóbico, misógino, sádico e subletrado. Todo mundo tem um Bolsonaro perto de si dizendo diariamente muito do que foi dito no Roda Viva: um amigo, um marido, um tio, um avô, um colega de trabalho… Bolsonaro não é um mito, Bolsonaro é um espelho da ignorância humana.”

Bolsonaro é espelho, não é mito.

Este texto da abertura, primor de síntese, é de André Nascimento Pontes, professor de Lógica do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Amazonas.

Quem apurou sua autoria preciosa, após quatro dias de busca na rede, e a divulgou foi Gilberto Dimenstein.

Gosto de informar a origem e a autoria do que mostro, e isso importa muito, não só por dever ético e de cortesia, mas para plantar e regar a consciência de que não somos um único, somos muitos, milhões, rede de brasileiros ligados pela percepção de que juntos podemos transformar nosso cenário, e contribuir para devolver o Brasil ao seu bravo povo.

O povo representado pelo Homem Brasileiro. Aquele ser de sentimento fibroso e casco duro forjado nas trombadas diárias, que se supera nos “nãos” recebidos por segundo, a cada dia.

Obstáculos que aprendemos a vencer com nossa determinação. Alguns mais, outros menos, por isso somos tantos, infindável cadeia de apoio a esse enorme todo.

O Homem Brasileiro, a partir do homem cordial brasileiro conceituado pelo grande historiador Sérgio Buarque de Holanda, cujo livro Raízes do Brasil, clássico da nossa historiografia, guardo despencado e desmembrado, herança da estante de meu pai americano, Norman Angel Jones, um descobridor do Brasil in loco, de cidade em cidade, do Sul ao Nordeste ao Norte, no volante de sua caminhonete Chevrolet, aprendendo e lendo sobre nosso amado país. E gostou tanto, de tal forma se enterneceu, que criou famílias, abraçou religiões, colecionou esquisitices nossas, acolheu as diferenças.

Esta foi a nossa formação. Assim, aprendemos amar e nos doar por completo a essa Pátria, Nação ou sabe-se lá como definir a instituição, que chamamos amorosamente de nosso país.

Eles nos formaram. Os imigrantes, que vieram e permaneceram, os contadores de nossas histórias, com H grande, Sérgio Buarque, Florestan, Hélio Silva, Freyre; os escritores Graciliano, Amado, cronistas mineiros, Machado e Rosa; poetas e músicos João Cabral, Chico, Tom, Gil, Milton, Aldir, Caetano, Thiago, Gonzaga.

Portinaris e Zuzus.

Linhas retas e tortas, de bicho da seda e de algodão grosso, que formam o pano que nos veste, o tecido BRASIL.