A lei bizarra que o substituto de Eduardo tentou criar

Atualizado em 20 de dezembro de 2025 às 17:16
Missionário José Olímpio (PL-SP) e o ex-presidente Jair Bolsonaro

Missionário José Olímpio (PL-SP), que assumirá a cadeira deixada por Eduardo Bolsonaro na Câmara, já apresentou um projeto de lei para proibir o avanço de uma suposta “satânica Nova Ordem Mundial”. A proposta, protocolada em 2014, tinha como objetivo barrar o implante de chips e outros dispositivos eletrônicos de identificação em seres humanos.

No texto, Olímpio citou a Bíblia para comparar microchips ao “sinal da besta” e escreveu que “o fim dos tempos se aproxima”. Ele também alegou que haveria iniciativas no Brasil para usar chips como “rastreadores pessoais”, sob o argumento de segurança contra sequestros, mas afirmou que isso esconderia uma estratégia de monitoramento da população.

A volta de Olímpio ao Congresso ocorre após a Mesa Diretora declarar a perda do mandato de Eduardo Bolsonaro por excesso de faltas. O deputado, que está foragido nos Estados Unidos desde o início de 2025, acumulou 63 ausências em 78 sessões deliberativas do ano, e a Mesa concluiu ser “impossível o exercício do mandato parlamentar fora do território nacional”.

José Olímpio tem 69 anos e já foi deputado federal entre 2011 e 2019. Ele tentou retornar à Câmara em 2022, obteve 61.938 votos e ficou como suplente pelo PL paulista, sendo o mais votado do partido no estado entre os não eleitos naquele ano.

Missionário José Olímpio (PL-SP)

A atuação parlamentar dele também incluiu outras propostas consideradas fora do padrão. Em 2013, por exemplo, apresentou um projeto para transferir temporária e simbolicamente a sede do governo federal para Itu (SP), sob a justificativa de que o município sediou a primeira convenção republicana do Brasil, em 1889.

Integrante da Igreja Mundial do Poder de Deus, liderada por Valdemiro Santiago, Olímpio compõe a bancada evangélica e se descreve nas redes como defensor de “valores cristãos e familiares”. Ele também é aliado de Jair Bolsonaro e já apareceu com o ex-presidente em eventos e materiais de campanha.

Natural de Itu (SP), nascido em 1956, ele é bacharel em Direito e comerciante. Antes de chegar ao Congresso, construiu a carreira no Legislativo municipal: foi vereador por seis mandatos na cidade de São Paulo e presidiu a Câmara Municipal.

Além disso, ocupou cargos no Executivo paulistano, como o de subprefeito de Guaianazes, na zona leste, durante a gestão de Celso Pitta. A reportagem também menciona que ele é investigado por corrupção.