A lei é para todos, segundo a pior ficção do cinema.
Como vivemos num filme vagabundo dirigido por um idiota, cheio de som e fúria, somos agraciados com os detalhes da prisão de Eduardo Azeredo.
O ex-governador de Minas Gerais pelo PSDB vai cumprir pena num batalhão dos Bombeiros em região nobre de Belo Horizonte, a cerca de um quilômetro de seu apartamento.
O tucano condenado a 20 anos e um mês de prisão é um sujeito diferenciado.
“É fato notório que as unidades penitenciárias mineiras passam por problemas de toda sorte”, diz o juiz Luiz Carlos Rezende e Santo, da Vara de Execuções Penais, em seu despacho.
“O sentenciado possui vasta participação na vida política nacional por força de democrática escolha popular, sendo inegável o respeito que se deve dispensar a esta vontade, outrora exercida, e por isto mesmo há regramento próprio de proteção a pessoas que desempenharam funções relevantes na República”.
Azeredo pode levar suas próprias roupas, “bem como vestuário para banho e cama mínimos para sua dignidade”.
Ele não usará o uniforme de detento e está dispensado do uso de algemas.
É evidente que não se advoga, aqui, o tratamento medieval dispensado a Sérgio Cabral, por exemplo.
Mas há quase um constrangimento — bem distante do sadismo envolvendo o encarceramento de Lula, troféu da Lava Jato e da PF em Curitiba, instalado a 432 quilômetros de São Bernardo.
Mesmo sendo reconhecidamente advogado, ou seja, tendo curso universitário completo, José Dirceu não teve direito a cela especial, sob a alegação de que sua carteira da OAB estava vencida.
A juíza o mandou para uma cela coletiva na Penitenciária da Papuda, em Brasília.
Se Lula tem uma carcereira que o impediu de receber visitas de padres, amigos e advogados, Azeredo estará ao lado dos seus, que poderão vê-lo após uma caminhada tranquila de dez minutos.
Até Gilmar Mendes libertá-lo e tudo voltar à normalidade.