A libertação de Lula explicita o abraço dos afogados entre Moro e a Globo. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 9 de novembro de 2019 às 9:21

Sergio Moro é o grande derrotado, juntamente com a Globo, com a decisão do STF que desembocou no Lula livre.

O ex-super-herói da Lava Jato ficou calado ao longo do dia. Soltou uma nota protocolar:

“Sempre defendi a execução da condenação criminal em segunda instância e continuarei defendendo”, diz o comunicado.

“O Congresso pode, de todo modo, alterar a Constituição ou a lei para permitir novamente a execução em segunda instância, como, aliás, foi reconhecido no voto do próprio Ministro Dias Toffoli.”

Repetiu essa tese num vídeo postado na manhã de sábado, 9, pouco depois do chefe também publicar sua besteira diária no Twitter (veja no pé deste artigo).

Não pode. É cláusula pétrea. Lewandowski já avisou. Rodrigo Maia também declarou que nada muda na Câmara.

Balela.

Sua mulher, Rosângela, foi mais atirada.

“Como brasileira: entendo perfeitamente quem irá para as Ruas porque a manifestação popular tem envergadura Constitucional”, disse.

Rosângela defende que “não há outro caminho a não ser mudar a Constituição, dentro dos procedimentos que ela mesma prevê”.

Não tem ninguém nas ruas por vocês, Rosângela. Nem em Curitiba. E a Constituição não vai mudar porque vocês querem.

Ao final, uma bandeira absurda: “Em tempo: minhas considerações!!! sem qualquer indício de recado a quem quer que seja e sem vincular minha opinião à do Ministro e vice versa”.

Então tá.

A cobertura da Globo News da soltura de Lula foi um espetáculo deprimente.

A âncora Christiane Pelajo e sua amiga Natuza Nery se abraçavam virtualmente num clima de funeral do Dr. Phibes.

Tiveram de ouvir, fleumáticas, o grito de “Ei, Globo, VTNC” da Vigília.

Gerson Camarotti acusava Lula de “inventar a polarização”.

Esta será a palavra-chave daqui em diante para a falsa equivalência entre Bolsonaro e Lula. Pode anotar.

Natuza ainda cometeria o ato falho de chamar Bolsonaro de ex-presidente. Shit happens.

Jair acusou o golpe com um tuíte magoado e Natuza, patética, se justificou.

Com Lula fora do cárcere, caem as máscaras.

Por que não vão à urnas? Por que não procuram um candidato capaz de vencer o sujeito?

O país respira esperança e democracia — e é disso que essa cambada tem medo. É hora de varrer esse lixo fascista novamente. 

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.