A lição de 100 milhões de dólares de um ex-funcionário do Facebook

Atualizado em 30 de setembro de 2012 às 20:57
"Eu agradeço por estar onde estou hoje e por NÃO estar lá"

Noah Kagan entrou no Facebook em 2005. Era o funcionário número 30. Foi gerente de produto e criou ali o aplicativo para smartphones. Em 2007, dois meses depois de ser promovido, Kagan foi demitido. Hoje ele é dono do AppSumo, um site de venda de aplicativos para novos negócios, com 700 mil assinantes.
Recentemente, Kagan deixou um depoimento em seu blog intitulado “Por que eu fui despedido do Facebook (Uma lição de 100 Milhões de Dólares)”. A quantia é o que ele calcula que tenha perdido por não fazer mais parte da empresa. Aqui vai um resumo de uma história sempre útil.

“Deixe-me começar do fim. Eu achei que ia tomar um café de rotina com meu chefe e vi Matt Cohler (ex-vice-presidente do Facebook) na sala (surpresa!). Matt deu a notícia rapidamente e eu fiquei em choque enquanto as palavras saíam de sua boca. Eles me levaram de volta ao meu escritório e pegaram meu laptop e meu celular. Então fui à loja da Verizon usar o telefone deles, liguei para minha namorada da época e dirigi até a casa que dividia com outros seis caras do FB.
Coloquei todas as minhas coisas no meu Civic, fumei meio maço de cigarros e fui para a casa do meu amigo Johnny. Demorei um tempo para contar à minha mãe. Dormi na casa de Johnny por alguns dias. Obrigado, J!
No churrasco daquela noite, bebi até desmaiar e rezei que fosse um sonho ruim.
Naquele tempo, essa era a ordem do que importava na minha vida:
1- Facebook
2- Eu mesmo
3- Comida / Casa
4- Minha namorada
5- Família
6- Amigos
Para ser sincero. O Facebook era a minha vida. Meu círculo social, minha identidade, tudo estava ligado à companhia.
Foi a primeira vez em que fui demitido e levou um ano para eu superar a depressão.

O ex-VP Matt Cohler com Zuckerberg no início do Facebook

Após dois anos dirigindo o AppSumo, eu finalmente entendi que o Facebook tomou a decisão certa de me deixar ir.
Quando você contrata pessoas, há três tipos de empregados:
1. Grower. Alguém que começa quando a empresa é pequena e se adapta ao seu crescimento.
2. Show-er. Alguém que pode ser bom para a empresa no ponto em que ela está, mas não para onde ela está indo.
3. Veterano. Eles já fizeram aquilo e está na segunda natureza deles ensinar a você como fazer.
Eu era um show-er no Facebook. Lidei muito bem com o caos de uma companhia de 30 pessoas (eu falei que meu chefe foi demitido no meu primeiro dia e que o cara que o substituiu foi mandando embora dois meses depois de mim?)

Fiquei chateado com a situação, embora nossa memória sempre nos engane. Você se lembra com saudade dos tempos com seu ou sua ex, mas na realidade era uma merda…
Cada ser humano tem superpoderes. Eu percebi que os meus são execução, venda, marketing, comer tacos e fazer piadas.
Tornei-me mais paciente, um pouco melhor no planejamento e capaz de trabalhar com grupos maiores. Se eu seria um gerente melhor para o Facebook agora, provavelmente sim; se eu trabalharia lá de novo, nunca.
Algumas coisas que aprendi depois de despedir gente no AppSumo:
1. Machuca a pessoa muito mais do que a empresa. Eu dou força para todo mundo que seja demitido uma vez para que saiba como é. É inacreditável e algo com que definitivamente se aprende.
2. Todo mundo é substituível. Você NÃO é especial e certamente existe alguém melhor no planeta.
3. A maioria das pessoas, quando é demitida, sabe que estava na hora. Elas podem não aceitar o que o inconsciente lhes diz, mas sabem que estava certo e que isso vai levá-las para algo melhor.
Tudo isso combinado acabou me custando 100 milhões de dólares. Em última análise, eu agradeço por estar onde estou hoje e por NÃO estar lá.
A medida real de uma pessoa bem sucedida é como ela lida com a adversidade. Como me falou meu professor de teatro um dia, quando saí chorando do palco: ‘Não é o desfecho, mas o aprendizado com a experiência o que realmente conta’”.