A lição do movimento das “sardinhas”, que está enchendo as ruas da Itália contra a extrema direita

Atualizado em 1 de maio de 2020 às 9:22

PUBLICADO NO ESQUERDA.NET

Na passada quinta-feira, 15 mil pessoas ocuparam a Praça Maior em Bolonha, protestando contra Salvini.

O líder de extrema-direita estava ao mesmo tempo num comício noutro ponto da cidade, no espaço Paladozza.
O protesto repetiu-se noutras cidades como em Modena onde 7 mil manifestantes se juntaram neste sábado.

E para a visita de Salvini a Rimini no domingo e a Florença no próximo dia 30 estão já previstas outras manifestações.

Todos estes manifestantes têm em comum o anti-fascismo e a imagem das sardinhas. Saíram às ruas em resposta a um apelo que se tornou viral de se manifestarem como sardinhas em lata.

À imagem da sardinha, juntou-se ainda um outro elemento bem mais tradicional: a canção anti-fascista Bella Ciao.

A convocatória inicial nasceu como resposta à alegação de Salvini de que, da última vez que estivera na cidade, teria enchido essa mesma praça com mais de cem mil apoiantes.

O número real de pessoas presentes nesse comício teria sido no máximo de apenas 10 mil. Um grupo de quatro amigos decidiu fazer circular um apelo com o qual pretendiam superar a concentração da extrema-direita que aconteceria nesse mesmo dia num espaço com uma lotação de menos de seis mil pessoas. Apesar da chuva forte, a aposta foi amplamente ganha.

Agora, em várias das cidades para onde o líder da extrema-direita tem comícios marcados no âmbito da campanha eleitoral para as eleições regionais de Emilia-Romagna do próximo dia 26 de janeiro, a aposta declarada das convocatórias é que as “sardinhas” batam o número de apoiantes do partido A Liga, que concorre em aliança com a Forza Italia de Berlusconi e os Irmãos de Itália, um outro partido extremista de direita.

Salvini que começou a campanha regional a dizer que “libertaria” a região da esquerda, respondeu ao seu estilo reduzindo o protesto a “imbecis dos centros sociais de esquerda” e que preferia “os negócios às sardinhas”, acrescentando que estes vivem dificuldades.