A licença para matar dada pelo Moro boliviano e o cerco a La Paz. Por Moisés Mendes

Atualizado em 17 de novembro de 2019 às 11:38
Indígenas partem de El Alto para La Paz para enfrentar as forças de repressão. Foto: REPRODUÇÃO/TELESUR

Publicado originalmente no Blog do Moisés Mendes:

POR MOISÉS MENDES

Começa daqui a pouco o que os moradores dos arredores de La Paz anunciam como o grande cerco pela derrubada da autoproclamada ditadora interina Jeanine Añez.

Gente de toda parte ocupará La Paz, para forçar um recuo dos soldados nas ruas, mas há o temor de uma tragédia.

Esta é a manchete de agora da versão online do jornal El Día: “14 distritos de El Alto y 20 provincias resuelven cercar La Paz”.

Polícia e Forças Armadas, com a ajuda de milicianos da extrema direita de Camacho El Macho, já mataram nove cocaleros.

E a matança pode ser ampliada com o cerco à cidade. Porque os golpistas devem ter um Sergio Moro boliviano trabalhando muito depois do golpe que derrubou Evo Morales.

A partir de agora, qualquer integrante das Forças Armadas pode atirar para matar em manifestantes, em quaisquer circunstâncias. Assassinos serão anistiados.

Os golpistas deram, pelo decreto 4078, de Jeanine Añez, licença para que os soldados continuem matando sem piedade. Nenhum militar que atirar em militantes da democracia nas ruas irá enfrentar processo por assassinato.

Os assassinos bolivianos estão livres de qualquer punição. Pelo decreto, vale lá o que Sergio Moro quer fazer aqui: que atirem para matar em nome não só do medo e da violenta emoção, mas também da defesa da pátria.

Golpistas e milicianos têm afinidades ‘jurídicas’, em qualquer país e em quaisquer circunstâncias.