A líder negra e popular Kika Silva é a novidade nas prévias do PT para a prefeitura de SP. Por José Cássio

Atualizado em 31 de janeiro de 2020 às 21:35
Fundadora e madrinha do bloco Ilu Oba de Min (Foto: arquivo pessoal)

Sem conseguir convencer Fernando Haddad a ir para a disputa, o PT decidiu abrir um processo de prévias para decidir quem será o representante do partido na corrida eleitoral em São Paulo.

Dos sete pré-candidatos, há pelo menos uma novidade: a líder popular Kika Silva, moradora da Cohab Cidade Tiradentes, zona Leste da capital, e representante de movimentos ligados aos direitos dos negros, das mulheres e da comunidade LGBT.

Aos 69 anos, bisavó solteira, como gosta de dizer, Kika é uma figura bastante conhecida no PT. Filiou-se ao partido há 20 anos, mas antes disso já militava nos movimentos sociais ligados à comunidade negra.

Nascida no bairro do Bixiga, fundou a Oriashé Sociedade Brasileira de Cultura e Arte, de onde nasceram os blocos carnavalescos Afro Oriashé e Ilu Oba de Min – este último arrasta uma multidão de até 30 mil pessoas pelas ruas da cidade sempre nas sextas-feiras antes da folia.

Disputar uma pré-candidatura do PT à prefeitura de São Paulo não é tarefa para amadores. Entre diversos outros requisitos, o interessado precisa reunir 10% de apoios dos filiados da cidade, num total de 1805 assinaturas.

“Minha candidatura representa um coletivo que entende que é preciso levar para dentro do partido uma voz que represente as populações relegadas dos bairros e, especialmente, esquecidas pela elite branca do centro da cidade”, diz Kika. “Os vulneráveis estão na periferia e são eles que queremos representar e defender”.

A rotina da aposentada por idade – vive com salário mínimo – é acordar, cuidar da casa, tomar café e ir para a lida, ora cuidando de netos ora amparando carentes e defendendo seus direitos junto aos órgão públicos.

Na quarta-feira que vem, dia 5, Kika faz a primeira reunião com seu grupo de apoiadores na sede da Apeoesp, na região da República.

Um dos colaboradores já organizou uma página no Instragram para reunir as propostas e organizar os debates:

No encontro em que ficou decidido que haveria prévias, Lula, o líder máximo do PT, pediu apenas uma coisa aos pré-candidatos: que participem forma respeitosa para “garantir a unidade partidária necessária para construir o caminho da vitória”.

Os adversários de Kika Silva são os deputados federais Paulo Teixeira, Carlos Zaratine e Alexandre Padilha, o ex-deputado e ex-secretário de Transportes das gestões Marta e Haddad, Jilmar Tatto, o ex-vereador Nabil Bonduki e o vereador Eduardo Suplicy.

Kika e as mulheres no movimento Lula Livre (Foto: arquivo pessoal)

Os inscritos vão participar de 15 debates temáticos e regionais nos próximos dois meses e em 29 de março os filiados poderão enfim escolher quem vai representar o partido nas eleições deste ano.

“A extrema-direita aproveitou cada espaço, cada segundo para tentar destruir o PT”, diz Kika Silva. “Não conseguiu. Nossa unidade está mantida. Vamos para as prévias e depois unidos até a vitória”.