A ligação da Sabesp com o Banco Master

Atualizado em 28 de dezembro de 2025 às 9:50
Prédio do Banco Master com dois homens no canto direito de foto
Banco Master – Reprodução

A liquidação do Banco Master trouxe à tona a exposição da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), que pode acabar incorporada à Sabesp após a execução de garantias financeiras. A Emae, privatizada pelo governo de São Paulo em 2024 durante a gestão do governador Tarcísio de Freitas, manteve investimentos relevantes em CDBs do Letsbank, instituição que integrava o conglomerado do Master e foi atingida pela intervenção do Banco Central.

Segundo informações divulgadas ao mercado, a Emae reconheceu à Comissão de Valores Mobiliários que esses papéis representavam 5,88% de seu ativo consolidado ao fim do terceiro trimestre, embora sem detalhar valores.

Estimativas de fontes financeiras apontam que a exposição pode chegar a cerca de R$ 160 milhões, montante muito acima do limite de cobertura do Fundo Garantidor de Créditos. A empresa afirmou que mantém caixa suficiente para honrar compromissos e que sua operação não foi afetada.

Prédio da Sabesp
Imagem ilustrativa – Reprodução

A situação se conecta diretamente à Sabesp porque as ações da Emae, adquiridas pelo empresário Nelson Tanure no processo de privatização conduzido pelo governo paulista, foram usadas como garantia de um empréstimo de R$ 520 milhões. Com o não pagamento de parcelas da dívida, a XP Investimentos executou o passivo e repassou os papéis a compradores ligados à Sabesp, operação hoje contestada judicialmente por Tanure.

O caso amplia o debate sobre os desdobramentos das privatizações em São Paulo sob a gestão Tarcísio, agora atravessadas pela crise do Banco Master. A combinação entre ativos estratégicos do Estado, decisões de investimento arriscadas e a liquidação de uma instituição financeira reforça questionamentos sobre governança, fiscalização e os riscos assumidos em operações que envolvem empresas públicas e serviços essenciais.