A maldição do banquete no casarão assombrado. Por Moisés Mendes

Atualizado em 12 de julho de 2025 às 13:30
Luciano Hang (ao fundo, de pé) oferece jantar de Natal a desembargadores e juízes de Santa Catarina em sua mansão em Brusque (SC) (crédito: arquivo pessoal)

Pode ser o fim da blindagem do véio da Havan pela Justiça de Santa Catarina, como pode ser também a maldição do banquete com desembargadores no casarão assombrado de Brusque, em 16 de dezembro do ano passado.

Luciano Hang perdeu mais uma e em sua terra, Brusque. A juíza Joana Ribeiro, da 2ª Vara Cível da Comarca da cidade, decidiu que Marcelo Adnet pode chamar o véio de sonegador.

A juíza absolveu o humorista em processo do empresário em que o tema em questão é mais uma vez a sonegação. Joana Ribeiro adotou a mesma linha que vinha sendo seguida por outros juízes, mas de fora de Santa Catarina.

O interessante é que esse caso não foi julgado pelo mesmo juiz de Brusque, Gilberto Gomes de Oliveira Júnior, da 1ª Vara Cível, que geralmente dava ganho de causa para o véio em processos com as mais variadas motivações para a acusação de dano moral. O que está acontecendo?

Esperemos o próximo banquete. E também vamos esperar informações do Conselho Nacional de Justiça sobre as investigações das relações de desembargadores com o véio que lhes oferecia banquete no casarão assombrado.

Em dezembro, o CNJ abriu uma sindicância, que talvez resulte apenas em recomendação para que os magistrados não frequentem mais o casarão.

O que se percebe agora é que os processos do véio, motivados por comentários sobre sonegação, produzem efeito contrário. O sujeito perde as ações na Justiça e sofre mais um dano: a palavra sonegação reaparece nos jornais associada ao nome do empresário.

É uma estratégia que se mostrou fracassada e que pode ter sido montada, por óbvio, pelo escritório de advocacia que representa o sujeito.

Qualquer estagiário de Direito percebe que as ações deixaram de funcionar, a partir do momento em que o bolsonarismo deixou o poder e o empresário perdeu força política em Santa Catarina e na região Sul.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/