
Folha, Globo e Estadão se acovardam também em momentos históricos, quando poderiam fazer concessões ao jornalismo sem medo. Nenhum dos jornalões deu em manchete o que mais importa hoje: o fato inédito da prisão de militares da mais alta patente.
Os generais Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa; Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional); e o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, são presidiários.
Juntam-se finalmente ao general e ex-ministro da Defesa Braga Netto, que já estava preso preventivamente no Rio, e começam a cumprir suas penas como golpistas.
A prisão de Bolsonaro, agora também como cumprimento de pena, não é mais notícia. Bolsonaro é dado como morto político há muito tempo e foi enterrado depois do episódio do ferro quente e da prisão preventiva.
A sua condição de preso condenado, como acontece agora com todos os outros oito chefes do golpe, não muda muita coisa. Resume-se agora à discussão sobre onde ele deve ou não ficar.

O que importa é que quatro generais estão presos por golpe. Antes que alguém acione uma falsa controvérsia, o almirante Almir Garnier também é um oficial-general da Marinha.
Os jornalões tratam a condição dos militares golpistas como presidiários com uma discrição ofensiva à democracia, que começa a se livrar deles.
As manchetes desta terça-feira, pelo menos por algum momento, deveriam estampar: Quatro generais são presidiários
A História pede para estar nas manchetes, mas é esperar demais de jornais que escamotearam a realidade até agora, muitas vezes como cúmplices dos militares, até finalmente admitirem que a cadeia existe também para generais.
Folha, Estadão e Globo ainda tentam fazer média, não com o bolsonarismo, mas com um militarismo golpista já degradado. Hoje esse golpismo fardado perdeu mais um pedaço. Não foi um dedo. Pode ter sido o que restava da cabeça.