A manobra de Castro para tentar derrubar julgamento que ameaça seu mandato

Atualizado em 4 de novembro de 2025 às 8:06
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). Foto: Reprodução

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União Brasil), montaram uma estratégia de última hora para tentar suspender o julgamento que pode cassar seus mandatos, conforme informações da colunista Malu Gaspar, do Globo.

A sessão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está marcada para esta terça-feira (4) e analisa acusações de abuso de poder político e econômico no escândalo da Ceperj (Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro).

Na véspera da sessão, a defesa de Bacellar protocolou uma questão de ordem no processo, com o apoio de Castro. O documento aponta uma falha processual e pede que o caso seja interrompido logo na abertura da sessão, prevista para as 19h.

A manobra tenta evitar que os ministros entrem na análise do mérito das acusações, alegando irregularidades na condução do processo.

O principal argumento é que as ações em análise miram apenas Castro, Bacellar e o ex-vice-governador Thiago Pampolha, mas deixaram de fora o ex-reitor da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Ricardo Lodi, que também teria relação com o caso e concorreu a deputado federal pelo PT em 2022, na chapa de Marcelo Freixo — autor de uma das ações contra o governador.

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Thiago Pampolha, Rodrigo Bacellar e Cláudio Castro. Foto: Reprodução

O caso Ceperj e as acusações

O escândalo da Ceperj envolve a criação de uma “folha de pagamento secreta” com cerca de 20 mil contratados temporários em 2022, incluindo aliados políticos e supostos cabos eleitorais do governo. Segundo o Ministério Público Eleitoral, a estrutura teria sido usada para beneficiar a campanha de Castro.

As ações — uma movida por Freixo e outra pela Procuradoria-Geral Eleitoral — apontam abuso de poder político e econômico por parte de Castro, Bacellar e Pampolha. Nenhuma delas inclui Ricardo Lodi, ponto central da contestação dos réus, que alegam tratamento desigual.

Tentativa de adiar a decisão

Aliados do governador acreditam que a “questão de ordem” pode levar a ministra Cármen Lúcia, presidente do TSE, a pedir parecer da Procuradoria-Geral Eleitoral e, assim, suspender o julgamento.

Nos bastidores, a estratégia é ganhar tempo e empurrar a análise para depois do impacto político da operação nos complexos do Alemão e da Penha — a mais letal da história do país envolvendo forças de segurança —, que elevou a popularidade de Castro.

Advogados do governador e de Bacellar devem percorrer os gabinetes dos ministros ao longo do dia para tentar sensibilizar o plenário. Caso a manobra não prospere, o julgamento seguirá com a leitura do relatório da ministra Isabel Gallotti e o voto dos demais integrantes da Corte.