A manobra política rasteira de Mourão para exaltar o golpe de 64. Por Luis Felipe Miguel

Atualizado em 1 de abril de 2020 às 22:15
Mourão

Publicado originalmente no perfil de Luiz Felipe Miguel

Por Luis Felipe Miguel

A ditadura que o seguiu foi um regime brutal, corrupto e incompetente. Matou, torturou e estuprou. Baniu e exilou. Perseguiu e censurou. Ampliou a desigualdade social.

Ontem, dia do falso aniversário (para não assumir o golpe de 1º de abril os militares vitoriosos inventaram a “revolução de 31 de março”), o general Hamilton Mourão exaltou a ditadura num tuíte cínico e mentiroso.

O jogo dele é claro. No momento em que Bolsonaro balança, Mourão quer mostrar pra sua base – os anticomunistas hidrófobos, a gorilada que ainda predomina no oficialato do Exército – que continua do mesmo lado.

Tipo: “podem seguir em frente que não tem risco de um democrata assumir a presidência”.

Não importa. A manobra política rasteira de Mourão representa uma ruptura do juramento de cumprir a Constituição – uma Constituição escrita com “ódio e nojo à ditadura”, como disse Ulysses Guimarães ao promulgá-la – que fizera ao assumir a vice-presidência e constitui crime de responsabilidade, tal como tipificado na própria Carta.