A marcha do MBL é o mico do ano. Por Pedro Zambarda

Atualizado em 28 de dezembro de 2015 às 19:12
Caminhando e cantando
Caminhando e cantando

 

O mico do ano foi a marcha do Movimento Brasil Livre (MBL) de São Paulo até Brasília. Foi a festa do vexame, com direito a megalomania e memes de internet inesquecíveis.

A jornada do herói do grupo de Kim Kataguiri começo em abril e terminou em maio. Vinte pessoas partiram da capital paulista numa sexta-feira, dia 24 de abril, incluindo uma anestesista que estava de salto alto, recém-saída de um congresso de medicina.

A ideia era passar pelas cidades de Uberlândia, Uberaba, Caldas Novas, Goiânia, Anápolis e três cidades satélites de Brasília antes de chegar ao ponto final. Alguém falou em emular a Coluna Prestes, só que na extrema direita.

A “Coluna Kataguiri” não conseguiu agregar nem mil pessoas ao longo do roteiro. Apesar dos gritos de “Fora PT” e “Impeachment Já”, a trupe de Kim só conseguiu juntar 300 pessoas na Esplanada dos Ministérios em Brasília, sendo que o esperado era pelo menos 30 mil pessoas, segundo os próprios organizadores.

Foi uma farsa do começo ao fim. Os kataguiris disseram que fariam a caminhada toda a pé. Mentira, porque a comitiva teve apoio de cinco carros. Em algumas cidades do interior do Brasil, o MBL recebeu suporte de empresários antipetistas. Foram recebidos como celebridades por gatos pingados em sua empreitada maluca.

Já em Brasília, Kim ainda teve tempo para tirar uma selfie com o “Bolsomito” e uma fotografia com Eduardo Cunha, aquele presidente da Câmara que está sendo investigado por causa de contas secretas na Suíça e que acha que a Globo é petista. A imagem é para emoldurar na parede como uma grande lembrança no combate à corrupção.

Não bastasse o baixo quórum, Kim Kataguiri ainda teve tempo para fazer uma eleição entre os dirigentes do MBL para enviar uma famosa belfie quando o DCM decidiu fazer algumas perguntas sobre a sua caminhada.

Até o astrólogo ultradireitista Olavo de Carvalho ficou contra o Movimento Brasil Livre no episódio. “Se você deixa o povo esperando e vai a Brasília, é porque acha que a autoridade está lá, quando o povo está dizendo claramente que não está. O que você vai fazer é tirar a iniciativa das mãos do povo e entregá-la aos políticos, quando justamente o povo foi às ruas porque os políticos não tinham iniciativa nenhuma”, disse o influente pensador que já chegou a chamar o Facebook de “Foicebook” quanto teve um de seus posts iluminados e sem nenhum palavrão sujo apagado na rede social.

O MBL ainda sofreu um acidente de carro com um motorista embriagado. Nosso querido japonês se machucou, mas foi socorrido por um carro do SAMU, aquele mesmo serviço público que os extremistas odeiam.