A meta era livrar o pai e não todos os réus do 8/1, revelam mensagens de Eduardo Bolsonaro

Atualizado em 20 de agosto de 2025 às 20:58
O deputado Eduardo Bolsonaro. Foto: Divulgação

A Polícia Federal apresentou novos elementos no inquérito que investiga Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, por tentativa de golpe de Estado. As mensagens analisadas foram obtidas do celular do ex-presidente e, segundo relatório da corporação, revelam que a atuação dele nos Estados Unidos tinha como foco evitar a condenação do pai, e não uma anistia geral para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

De acordo com a transcrição da PF, em 7 de julho de 2025, Eduardo enviou mensagens a Bolsonaro “evidenciando que a real intenção dos investigados não seria uma anistia para os condenados pelos atos golpistas realizados no dia 08 de janeiro de 2023, mas sim, interesses pessoais, no sentido de obter uma condição de impunidade do ex-presidente o na ação penal em curso por tentativa de golpe de Estado”.

Em uma das mensagens, Eduardo escreve ao pai: “Se a anistia light passar, a última ajuda vinda dos EUA terá sido o post do Trump. Eles não irão mais ajudar. Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia OU enviar o pessoal que esteve num protesto que evoluiu para uma baderna para casa num semiaberto. Neste cenário vc: não teria mais amparo dos EUA, o que conseguimos a duras penas aqui, bem como estaria igualmente condenado final de agosto.”

Jair Bolsonaro ao lado de seu filho, Eduardo Bolsonaro. Foto: Divulgação

Na sequência, o deputado aconselha Bolsonaro a buscar outras opiniões. “Eu acho que não vale a pena, mas te oriento a buscar conselho com outras pessoas. Tire do cálculo o apoio dos EUA, qual estratégia vc tem para atingir qual objetivo? É simples.”

Ele conclui a conversa mencionando presidente dos Estados Unidos: “Vou acordar de olho nas redes do Trump, torcendo para (…) que ele já traga novidades sobre ações.”

Segundo a PF, esses registros demonstram que Eduardo articulava diretamente estratégias políticas no exterior com o objetivo de pressionar autoridades brasileiras e influenciar o andamento do processo no STF. Os investigadores destacam que a menção recorrente ao apoio de Trump mostra a tentativa de usar a política internacional como forma de proteção para Bolsonaro.

O inquérito, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes no Supremo, já resultou na imposição de medidas cautelares contra o ex-presidente. Em julho, após o descumprimento dessas restrições, Moraes decretou a prisão domiciliar de Bolsonaro, que deve permanecer em vigor até o julgamento da ação penal, previsto para o início de setembro.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.