Até quando vamos aceitar a morte de crianças na faixa de Gaza?

Atualizado em 16 de novembro de 2012 às 21:09

“Que meu filho fez para morrer? Ele tem 11 meses”, disse o cameraman da BBC

Jihad Masharawi com o filho Omar nos braços

“A escalada vai ter um preço e o outro lado vai ter de pagar”. O ministro da defesa de Israel, Ehud Barak, autorizou o envio de 30 mil reservistas para a Faixa de Gaza, onde, desde quinta, mísseis são trocados entre Palestina e Israel. Do lado israelense, três pessoas morreram, duas mulheres e um homem, vítimas dos foguetes que não foram interceptados pelo sistema de defesa. No setor palestino, foram quinze mortos e mais de cinquenta feridos.

O número vai crescer. Além da miséria, da barbárie e do horror, o conflito está trazendo uma novidade: militantes estão postando fotos de crianças mortas e feridas nas redes sociais. Uma delas foi o filho de um cameraman da BBC, Jihad Misharawi. Omar tinha 11 meses. Uma menina de 3 anos também morreu.

A foto no Twitter de Netanyahu

 

Funcionários da emissora como Misharawi são mal pagos e são os caras que vão para o fronte correr risco de vida. Ele disse para a BBC Arabic: “Os estilhaços atingiram nossa casa. Minha cunhada foi morta com meu filho. Meu irmão e meu outro filho foram feridos.

O que meu filho fez para morrer assim? Qual foi seu erro? Ele tem 11 meses e o que ele fez? Nós não somos militantes, não há soldados na minha casa”.

O editor de assuntos internacionais da BBC Jon Williams postou imagens da tragédia, com uma mensagem de condolências ao colega. Paul Adams, outro editor, pediu um minuto de oração por Omar. Pouco depois, o primeiro ministro Benjamin Netanyahu colocou no Twitter a imagem de um bebê ensanguentado. “Eu vi a foto de um bebê sangrando. O Hamas deliberadamente mira em nossas crianças”.

A menos que a opinião pública mundial acorde de seu longo torpor e dê um colossal basta para as atrocidades de Gaza, as crianças mortas não vão parar a guerra. E as vivas darão continuidade a ela quando crescerem.