A morte de Campos e os urubus em busca de carniça

Atualizado em 9 de setembro de 2014 às 20:11

Discurso descalibrado

 

Ninguém nunca perdeu dinheiro por subestimar a inteligência das pessoas, mas a tragédia com Eduardo Campos trouxe do lixo manifestações que ultrapassam qualquer limite, se limite houvesse.

Em maio, Dilma sancionou uma lei que protege o sigilo de dados das caixas-pretas de aviões, bem como as informações voluntárias de testemunhas de investigações. A legislação foi proposta pela Aeronáutica em 2007, após a crise aérea desencadeada pelos acidentes da Gol e da Tam.

Confirmada a morte do candidato, a turma que bate em golpe comunista, bolivarianismo e boitatá juntou os pontos e viu uma ligação entre a sanção presidencial e a queda da aeronave.

Enquanto a teoria conspiratória vicejava, a corja aproveitava para chafurdar mais fundo no oportunismo.

Um pastor chamado Daniel Vieira, de um certo Congresso dos Gideões Missionários da Última Hora, ligado a Silas Malafaia, cravou nas redes sociais: “Morre Eduardo Campos, candidato a presidente. Hoje são 13 [sic], numero do PT. Deveria ter levado a DILMA!”. Apagou em seguida, com um pedido de desculpas ignóbil.

Mas poucos conseguem superar Daniela Schwery, eterna “candidata” a qualquer cargo no PSDB em São Paulo (atualmente, a deputada estadual). Troladora oficial do partido, uma espécie de Tiririca fascista, sua única bandeira e missão de vida é ser antipetralha, “antiesquerdopata” e quejandos. Entre suas propostas, listadas em seu site oficial, está a de transformar o Instituto Lula em abrigo para mendigos.

Ela habita um terreno pantanoso entre o deboche, a fraude e a psicopatia. Schwery conseguiu forjar um meme de Dilma Bolada (“Pra descer todo santos ajuda”) e então se pôs a despejar uma série de acusações. “PT em festa”; “Celso Daniel eliminado; Toninho do PT eliminado…”. (Aliás, Dilma Bolada, perfil criado pelo publicitário Jefferson Monteiro, também fez uma piada doentia com Aécio e o menino que teve o braço decepado por um tigre no Paraná).

Nenhuma mísera mensagem de condolência à família, um insight, qualquer coisa remotamente humana. É um caso espantoso de delinqüência partidária e iniquidade.

Quando não se esperava mais nada, Roger, do Ultraje, conseguiu novamente se superar, horas depois de chamar Marcelo Rubens Paiva de bosta e declarar que o pai do escritor, Rubens Paiva, morreu “defendendo o comunismo” (numa resposta a uma menção que Marcelo lhe fez numa palestra na Flip).

Desta vez, Roger foi profético: “Pronto, vai virar santo. E herói”. Têm sido — continuarão sendo — dias ricos em estupidez, maldade, paranóia e desumanidade.

 

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