A potência sexual vale mais que um reino

Atualizado em 31 de janeiro de 2013 às 0:01

Wallis Simpson fez um rei abdicar por dar a ele uma virilidade que jamais tivera.
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Wallis Simpson consegue roubar as atenções mesmo num filme em que é uma personagem tão secundária que você a vê uma ou duas vezes, como é o caso de O Discurso do Rei (The King’s Speech).

Antes de mais nada. Veja, se não viu. É uma lição de história contemporânea que instrui e entretém. A saga do rei gago e imprevisto, Jorge VI, é única. Sua relação com um especialista em locução que, com técnicas bizarras, o ajuda a vencer a gagueira prende e fascina. Colin Firth como Jorge VI está bem, embora sua presença seja muitas vezes opressiva por causa da dificuldade em falar. Geoffrey Rush como seu instrutor está soberbo.

O pano de fundo é a Europa pré-guerra dos anos 30. A Inglaterra está inquieta por causa dos movimentos bélicos agressivos da Alemanha de Hitler. Se não bastasse a ameaça nazista, internamente os ingleses enfrentam um rei novo, Eduardo VIII, muito mais disposto a festejar do que a trabalhar.

As festas intermináveis de Eduardo estão associadas a Wallis Simpson. É ela a mulher por quem Eduardo abdica. “A mulher que amo”, como ele diria em seu célebre discurso de renúncia em favor do irmão mais novo e gago.

Ela era casada quando eles começaram a ter um caso. O governo inglês estava incomodado com o romance. Wallis tivera um caso com o embaixador alemão, Ribentropp. Estaria ela usando Eduardo para ter acesso a informações confidenciais inglesas? Seria uma espiã? O casal, e isso só trouxe mais paranóia, visitou a Alemanha a convite de Hitler pouco antes da guerra.

Que Wallis se dava bem com nazistas é fato.

Ribentropp, enquanto esteve na Inglaterra, mandava todos os dias 17 cravos para Wallis. Estudiosos sustentam a tese de que 17 se referia ao número de vezes em que estiveram na cama.

A visita do casal Eduardo e Wallis a Hitler em 1937 causou desconforto aos ingleses

Wallis era uma festa.

Uma contemporânea disse que, de uma temporada na Ásia, Wallis aprendeu apenas uma frase: “Garçom, me passe a champanhe”. Um homem disse que ela sabia conversar como ninguém. Fazia cada homem se sentir, definitivamente, especial.

Eduardo teria que escolher entre ela e o reino.

Tudo bem que ser rei já não era fazia tempo o que fora nos dias de Henrique VIII e outros, mas ainda assim era uma posição extraordinária.

Ele escolheu a mulher, sem a qual, como afirmou, “não poderia enfrentar as pesadas responsabilidades” que lhe cabiam como rei.

Por quê?

Documentos sugerem que pelo motivo mais simples. Ele teria encontrado nela, sexualmente, o que jamais tivera antes. Relacionamentos anteriores teriam sido frustrantes para ele, do ponto de vista do sexo. Ele jamais teria ficado satisfeito. Uma hipótese é que, antes de Wallis, ele fosse impotente. Ou frustrado.

Wallis teria dito isso a pessoas de seu círculo, segundo um papel do FBI. Numa visita do casal aos Estados Unidos durante a guerra, o presidente Roosevelt, preocupado com os laços de Wallis com os alemães, mandou investigá-la. A informação da impotência veio dessa investigação. “Wallis, em seu único e inimitável estilo, foi a única mulher que satisfez sexualmente Eduardo e lhe permitiu realizar seus desejos”, disse uma fonte ouvida pelo FBI.

A potência vale mais que um reino. Todo homem sabe disso. O milionário impotente inveja o mendigo potente.

Eduardo fez a escolha óbvia.

Wallis Simpson, a mulher do ano de 1936 segundo a Time, uma sedutora de cabelos negros partidos ao meio, sabia como agradar um homem.

Por isso foi quem foi.