VÍDEO: A noite em que os militantes do PT se diluíram na avenida

Atualizado em 21 de junho de 2013 às 16:44

O Diário conta como um grupo heterogêneo de “sem partido” rompeu a barreira petista nos protestos.

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VÍDEO DE ANDRES VERAS

FOTOS DE MAURO DONATO para o DCM

 

Rui Falcão cometeu um erro de cálculo colossal ao convocar uma “onda vermelha” nos protestos em São Paulo na quinta-feira?

O horário exato em que as bandeiras do PT desapareceram da Paulista foi 7 e 15 da noite. Mas desde as 5 da tarde estava claro que os militantes não teriam muito futuro naquele lugar.

Skinheads, punks, motoboys e outros começaram a hostilizar os militantes na Praça do Ciclista, no início da manifestação. Ali começaram os gritos para baixar as bandeiras.

“Sem par-ti-do!”

Ao que os petistas retorquiam: “Sem fas-cis-mo!”

O bumbo do Movimento Passe Livre, com seus integrantes vestindo camisetas pretas, ia na frente, como sempre. Aos poucos, se distanciou das pessoas usando camisas vermelhas (havia, além de petistas, gente da CUT, PSTU, PSOL).

Aqueles homens exaltados tentavam romper a barreira humana formada na retaguarda do grupo petista. No canteiro da Paulista, entre as duas pistas, pessoas aguardavam a passagem do bloco para hostiliza-lo.

“Oportunistas!”

A turma dos “sem-partido” queria briga. Queria porrada. Um sujeito bombado, de regata, usava uma buzina que soltava fumaça e água. Uma senhora o desafiou. O início de pancadaria foi contido.

Mas não haveria trégua.

“Vocês acham que foi precipitado estar aqui?”

“Não. Meus pais me disseram que foi assim que começou o AI-2 (o ato institucional de 1965, que tornou indiretas as eleições depois do golpe). Esse movimento é plural”, me disse Roberto Araújo, que fazia parte da “onda vermelha”.

A violência se intensificava. A turma que queria romper o cordão vermelho aumentou.

Um grupo atravessou a barreira humana e arrancou uma faixa. Um homem foi atingido na cabeça por uma bandeirada de PVC. Algumas pessoas em torno dele o identificaram como skinhead. Saiu de cena sangrando, dizendo que não estava fazendo nada (não é verdade. Guilherme Nascimento, advogado, estava o tempo todo querendo encrenca).

Petistas foram para a calçada. Começaram a se dispersar. Cleber Migueleto, um senhor de 60 anos, quase chega às vias de fato com um militante. “Não é para ter partido, não é para ter partido!”, dizia.

7 e 15. O agrupamento do PT estava dissolvido. Não se via mais nenhuma bandeira. Muita gente comemorava.

Mariana Toledo, integrante do MPL, fumava um cigarro na calçada.

“Nós lamentamos a presença dos vândalos. Mas não controlamos a polícia e nenhum partido. Os partidos são bem-vindos. Nós não somos contra o governo. Somos a favor da cidade. Se o PT se arriscou ao comparecer hoje? Sim, foi arriscado”.

“Vocês já conseguiram baixar o preço da passagem. O que mais querem?”

“Tarifa zero.”

“E depois da tarifa zero?”

“Não sei. Mas não vamos parar.”

Sem as bandeiras do PT, uma certa calmaria tomou conta da Paulista.

O MPL seguiu com palavras de ordem de programa de auditório.

“Quem não pula quer tarifa!”

O povo pulava.

“Quem não senta quer tarifa!”

O povo sentava.

Onde e quando isso vai terminar? No que vai resultar?

“Não sei”, lembro de Mariana. “Mas não vamos parar”.

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A pancadaria a caminho
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O rapaz de camiseta regata e buzina: porrada

 

Guilherme Nascimento, skinhead atingido por uma bandeirada
Guilherme Nascimento, skinhead atingido por uma bandeirada
Bandeira rasgada
Bandeira rasgada