A nova do nosso reino animal: inquérito foi aberto por Janot para investigar morte de cachorro de Dilma. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 10 de novembro de 2017 às 16:09
Dilma e Nego

Não é novidade que a realidade sempre supera a ficção, mas o Brasil exagera.

A assessoria de Dilma divulgou uma nota, que reproduzo abaixo, dando conta de que o ex-PGR Rodrigo Janot determinou a abertura de um inquérito policial para investigar a morte do cachorro Nego.

Ele morreu em 2016, em função de uma doença crônica. Realizaram eutanásia.

À época do impeachment, o presidente da Frente de Proteção aos Direitos dos Animais na Câmara, deputado Ricardo Izar, recebeu “denúncias de maus tratos” — todas elas de animais que nunca viram o animal de perto (com todo respeito aos cães).

Não foi atendido pelo Palácio do Planalto, com toda a razão. O que não o impediu de cravar, para alegria de milhares de patos amarelos: “Ela mandou matar o cachorro, dizendo que ele estava velho e doente. Se isso servisse como desculpa, ela também está velha e doente. E quebrou o Brasil”.

Indignado, Izar entrou com uma representação junto a Janot. Ele mesmo não achava que sua própria imbecilidade fosse adiante, contou à Gazeta do Povo.

“Não acreditava nunca que iria para a frente. Essas denúncias de maus-tratos de animais que faço nunca continuam. Talvez por ser a Dilma, essa foi”.

Exatamente.

Na terça, dia 7, Izar foi chamado para depor na Delegacia Especial de Proteção ao Meio Ambiente e à Ordem Urbanística (Dema).

De acordo com o doutor delegado Vitor de Mello Duarte, chefe da Dema, as apurações preliminares apontam que Nego ficou aos cuidados de alguém que trabalhava com Dilma no palácio.

E? E nada.

Dilma, segundo ele, pode ser ouvida no caso. Se condenada, a pena prevista é de três meses a um ano de detenção, além de multa.

O Brasil do golpe é uma cloaca.

Abaixo, o comunicado de Dilma:

1. Nego nasceu em setembro de 2003 e morreu em setembro de 2016. Foi dado de presente por José Dirceu ainda em 2005 para Dilma Rousseff, quando ela assumiu a chefia da Casa Civil no governo Lula. Nego foi criado e amado pela presidenta e familiares durante os quase 12 anos em que conviveu com ela. Era um cão grande e forte, que gostava de nadar e correr. Era um dos prediletos de Dilma Rousseff.
2. A partir de 2015, Nego passou a apresentar displasia coxo-femural, doença típica dos labradores, além de mielopatia degenerativa. Ele tinha dificuldade de andar e, por conta da mielopatia, ficava agitado e buscava se movimentar de qualquer jeito. Por isso, sofria muito e deveria ser sacrificado, conforme orientação médica.
3. A presidenta relutou e adiou o quanto pode, com a esperança de uma recuperação da saúde do labrador. E isso, infelizmente, não veio a ocorrer. Nego foi sacrificado, para tristeza de Dilma Rousseff em setembro do ano passado. Era um cachorro excepcional, companheiro e inteligente.
4. Diante disso, é lamentável que, mais uma vez, queiram usar a relação de carinho e lealdade entre um cachorro e sua dona para reforçar a sórdida campanha acusatória que criou o ambiente para o Golpe de 2016, por meio do fraudulento impeachment sem crime de responsabilidade.
5. Essa campanha hedionda, baseada em falsidades, violência, intolerância e preconceito se perpetua mesmo agora, um ano após ter sido consumado o golpe parlamentar que retirou Dilma Rousseff do poder.
6. A perseguição chegou a ponto do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot determinar a abertura de um inquérito policial. Como se investigações mais graves não devessem ser apuradas, como a compra de votos para a aprovação do impeachment.
7. É lamentável que isso ocorra no país que virou sinônimo de Estado de Exceção. Aos olhos do mundo, vale tudo para achincalhar a imagem e a honra de Dilma Rousseff.
8. Tudo tem sido feito para satisfazer a sanha doentia de golpistas. Como mostra o deputado Ricardo Izar Júnior (PP-SP), que proferiu sórdidos ataques a Dilma, e se vangloria de ir depor contra a presidenta eleita do país numa história da qual não tem conhecimento nem sequer envolvimento direto. Apenas a busca pelos holofotes abjetos da mídia.