A nudez da ‘Musa do Impeachment’ não é política: é patética. Por Nathalí Macedo

Atualizado em 8 de fevereiro de 2016 às 8:05
Sem noção: Ju Isen antes do vexame
Sem noção: Ju Isen antes do vexame

Cada um tem a musa que merece.

O movimento pró-golpe tem Ju Isen, que foi expulsa do desfile da escola Unidos do Peruche, em São Paulo, depois de arrancar a própria fantasia e deixar os seios expostos.

Incomodada, a musa garante que processará a escola. “Eu resolvi tirar o macacão pra me manifestar.”

Como uma mulher que jamais julgaria outra mulher que tenha resolvido mostrar os seios como forma de protesto, eu só preciso dizer que a nudez de Ju Isen não é política (absolutamente), é patética.

Perguntem a uma ativista sobre a importancia da nudez política.

“Expressa a nossa resistência diante da exacerbada sexualização de nossos corpos”, ela provavelmente dirá.

Mas perguntem isso a Ju Isen. Ela  responderá algo como “Fora PT” ou “eu estou me manifestando por um país melhor”, porque, no fim das contas, ela simplesmente não faz a menor ideia do que está fazendo.

O protesto sem propósito e sem dicernimento político é, além de patético, perigosíssimo. Algumas pessoas são capazes de se revoltar por questões que sequer compreendem. Berram contra qualquer coisa sem o mínimo de reflexão, de diálogo, de lucidez; já entram na avenida arrancando as próprias fantasias e acabam, como ela, caídas no asfalto.

Eu não julgo Ju Isen pelas auréolas sob os holofotes, julgo-a pelo “protesto” vazio, burro, insensível e ilógico. Julgo-a por não conseguir livrar-se da futilidade que a impede de compreender que militância não tem nada a ver com ego, com seios lindos e fotogênicos, com frases vazias de sentido e berros pateticamente sensacionalistas dirigidos à imprensa.

O que esperar depois do vexame na avenida? Um convite de alguma revista masculina ou um ensaio no Paparazzi?

Isso não é militância. É oportunismo.