A palhaçada de Clint

Atualizado em 31 de agosto de 2012 às 13:45
Clint conversa com a cadeira vazia

 

E não se fala de outra coisa nos Estados Unidos: a bizarra conversa entre Clint Eastwood e uma cadeira vazia na convenção republicana que sagrou Mitt Romney como o adversário de Obama em novembro. “Uma das cenas mais estranhas da política americana”, escreveu o Washington Post.

De fato. (Aqui, você tem um vídeo.)

Na cadeira vazia estava, imaginariamente, Obama. Foi o suficiente para que no twitter imediatamente surgisse uma conta chamada “Invisible Obama”, com milhares de seguidores em minutos.

Clint estava dando uma dura em Obama. Ao longo de dez minutos, cobrou a realização das promessas. Disse que quem não entrega tem que ser demitido.

A verdade é que pareceu mais um ato cômico do que político, uma espécie de piada pronta. Poucos parecem acreditar que o monólogo de Clint ajudará Romney. Infelizmente para Clint, seu ato com o Obama Invisível se eternizará, e competirá com momentos extraordinários de sua carreira aos olhos da posteridade.

Não foi a única palhaçada da convenção republicana. O vice de Romney, Paul Ryan, ao criticar Obama, falou no fechamento de uma fábrica da GM. Na verdade, essa fábrica foi fechada na gestão de George W Bush, republicano como Ryan e Romney.

Interpelado por um jornalista da tevê americana sobre o erro, Ryan, ao melhor estilo de Maluf, em nenhum momento respondeu à questão que lhe foi colocada sobre seu erro.

Obama é culpado de muitas coisas. Não mudou na essência os Estados Unidos, e frustrou as esperanças de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo.

Mas.

Mas não se pode esquecer que ele herdou uma situação horrorosa. Os Estados Unidos sob Bush se transformaram, para usar uma expressão de Ronald Reagan sobre a União Soviética, num Império do Mal em processo de decomposição.

Imagine um médico a quem é dada a incumbência de salvar um paciente terminal. É mais ou menos isso que aconteceu com Obama.