A pandemia só passa a existir para o Enem depois da morte do general. Por Moisés Mendes

Atualizado em 12 de janeiro de 2021 às 8:26
Carlos Roberto

Publicado originalmente no Blog do autor:

Por Moisés Mendes

Há um apelo nacional pelo adiamento do Enem, e a questão foi parar na Justiça, por iniciativa da Defensoria Pública, considerando-se o absurdo de realizar provas com aglomerações inevitáveis no meio do novo pico da pandemia.

E o que diz o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), que manda no Enem? Determinou que as provas comecem domingo, de qualquer jeito, porque assim foi programado e assim deve ser.

Só que a diretoria de Avaliação da Educação Básica do Inep, que elabora no Enem, era chefiada por Carlos Roberto Pinto de Souza.

O diretor estava internado com Covid-19, enquanto o Inep negava a gravidade do novo surto e os riscos para 6 milhões de estudantes. E hoje o diretor morreu, aos 59 anos, em Curitiba.

E aí fica-se sabendo que Carlos Roberto Pinto de Souza era general. Os generais estão na Saúde, na Educação, na Anvisa, contribuindo para que o governo negue a gravidade da pandemia.

Não há como não destacar que um general chefe de uma das principais áreas do Inep, o instituto que subestima a Covid (e quer mandar os estudantes para o risco e a morte), acabou morrendo de Covid.

Mas agora o Inep, com a morte do seu diretor, pretende adiar o Enem, porque o general morreu na véspera das provas, de Covid. É um roteiro doente, maluco, macabro. Não há o que dizer. É o Brasil surtado pelo bolsonarismo.