
Uma pesquisa eleitoral telefônica divulgada nesta quarta-feira (10), feita pelo Instituto IBESPE, mostra um cenário desfavorável para Jair Bolsonaro (PL) na corrida presidencial de 2026. O ex-presidente, em prisão domiciliar desde o dia 4 de agosto e impedido de dar entrevistas, aparece com 18,8% das intenções de voto na pesquisa espontânea. Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atual presidente, lidera o levantamento com 31,5% das menções.
O resultado representa uma queda significativa para Bolsonaro. Em junho, ele registrava 23,1% na mesma sondagem. A redução de quase cinco pontos percentuais em apenas três meses reforça a percepção de que a lembrança de seu nome entre os eleitores está se esvaindo.
O IBESPE, que trabalhou na campanha do ex-presidente em 2022, conduziu a pesquisa entre os dias 1º e 4 de setembro, ouvindo 1.008 pessoas em todo o país. O levantamento tem margem de erro de 3,1 pontos percentuais e grau de confiança de 95%.
Segundo os dados, o grupo de “outros candidatos” avançou de 2,5% em junho para 13% neste mês, indicando uma fragmentação maior no campo político. Nesse segmento, o nome mais lembrado é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 6,8%. Em seguida aparecem Ciro Gomes (PDT), com 1,1%, e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), com 0,7%.

Outros nomes de menor expressão também foram citados, como o youtuber Felca (0,1%), o líder do Movimento Brasil Livre (MBL), Renan Santos (0,06%), e a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), com 0,04%.
O cientista político Marcelo Di Giuseppe, coordenador da pesquisa, destacou a relevância da mudança no cenário da direita. “O dado mais importante não é apenas a queda de Bolsonaro, mas o fato de que até entre seus próprios eleitores de 2022 a lembrança diminuiu e outros nomes começaram a crescer. Isso sinaliza que o eleitor de direita não está órfão, mas sim em busca de substitutos”, afirmou.
Além da perda de apoio nas pesquisas, Bolsonaro enfrenta outros obstáculos. Ele foi declarado inelegível pela Justiça Eleitoral em junho de 2023 por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Essa condição já restringe sua possibilidade de concorrer em 2026, mesmo que recupere terreno no cenário político.
Paralelamente, ele responde a julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de ter liderado uma tentativa de golpe de Estado entre o fim de 2022 e o início de 2023. Segundo a Procuradoria-Geral da República, os atos golpistas culminaram nos tumultos de 8 de janeiro de 2023, quando prédios dos Três Poderes foram depredados em Brasília. Bolsonaro nega participação e afirma ser vítima de perseguição.