A pior facção de todas não aparece na mídia, mas você é prisioneiro dela. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 8 de janeiro de 2017 às 17:00

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E então, de tanto ler, falar e ouvir sobre prisões, me ocorreu o seguinte.

Vivemos numa realidade virtual e, na verdade, somos todos prisioneiros de uma facção chamada PCP: Primeiro Comando Plutocrata.

“Nós somos o 1%”, é o lema do PCP. “Os demais 99% que se danem.”

O PCP detesta pobres, negros, homossexuais e minorias de uma forma geral.

Existe uma exceção no capítulo dos homossexuais. Gays podem ser aceitos na facção, e até fazer carreira nela, desde que permaneçam no armário e, principalmente, tenham dinheiro.

O PCP adapta-se aos tempos e às circunstâncias. No passado, usou tanques para dar golpes. Agora, utiliza o Parlamento e o Judiciário.

A retórica é sempre a mesma: não é golpe.

Milhões de votos estão sendo destruídos? Sim.

Os interesses do 1% privilegiado falam muito mais alto que os dos demais 99%? Sim.

Mesmo assim: não é golpe, garante o PCP.

Para tentar manter quietos e dóceis os 99% da população que pagam a conta das de suas mamatas e privilégios, o PCP tem uma arma que até aqui jamais falhou: a mídia.

Os jornais dizem que o golpe não é golpe. As revistas repetem. As rádios repercutem. Os telejornais amplificam tudo com o barulho de um concerto de rock.

Pronto: o golpe deixou de ser golpe.

O Primeiro Comando Plutocrata sempre recorreu à mídia para convencer seus prisioneiros de que corruptos são os outros.

Todos os outros, sobretudo aqueles que não se conformam com o sistema de partilha de riquezas adotado pela facção.

Convém, a quem pertence aos 99%, não sair por aí criticando o contraste entre a riqueza opulenta de tão poucos e a pobreza miserável de tantos.

Os cães selvagens da facção — colunistas e comentaristas das grandes empresas jornalísticas — serão atiçados contra os que ousem se rebelar.

O PCP, com sua mídia para a qual a verdade é uma mera abstração, tem o poder de fazer surgir no imaginário coletivo um apartamento que simplesmente não existe. Ou um sítio. E depois dirá que ambos, sítio e apartamento, foram roubados por aquele homem em quem os pobres acreditam. Aquele ali, o de barba.

E assim a vida segue nos domínios do Primeiro Comando Plutocrata, do qual somos todos prisioneiros.

Perto do PCP são irrelevantes todas as facções que ocupam as primeiras páginas nestes dias.

Todas.