A preferência dos brasileiros por Lula e o PT deve muito à obsessão assassina da mídia. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 21 de agosto de 2018 às 22:59
Pois é

Os números do Ibope sobre o partido preferido dos brasileiros deveriam provocar um exame de consciência — caso a tivessem — da mídia em seu casamento com o Judiciário.

Anos de massacre, com um golpe como cereja do bolo, renderam o seguinte retrato: o PT é o partido preferido de 29% dos brasileiros, índice que supera os 27% que, somados, escolheram as outras 34 legendas registradas no TSE.

O PSDB do Geraldo foi escolhido por 5%.

Lula aparece com 37% das intenções de voto — e subindo. 

Em contrapartida, a aprovação de Sergio Moro diminui a cada levantamento da pesquisa Ipsos (forçando o Estadão a acrobacias nas manchetes para enfiar esse dado numa linha).

Manchetes e jograis do Jornal Nacional, capas e capas cavernosas da Veja deram nisso. Da prisão, Lula comanda o debate. Vai colocar Haddad no segundo turno.

Se você digitar “o PT acabou no Google”, virão 30 milhões de resultados.

O primeiro link é obra do indefectível Marco Antonio Villa, da Jovem Pan. O amigo internauta ainda encontra Merval, Jabor e uma coleção de colunistas que faturou com essa obsessão. 

O fato de não conseguirem cumprir seu objetivo não significa que não continuarão tentando. Moro daqui a pouco será substituído por um genérico.

O Judiciário não faz questão de esconder nada.

Na noite desta terça, dia 21, a Justiça de São Paulo aceitou ação de improbidade administrativa proposta pelo Ministério Público contra Fernando Haddad por suposta irregularidade na construção de um trecho de ciclovia na cidade.

A definição de loucura é fazer a mesma coisa esperando um efeito diferente.

A imprensa continuará brigando com a vontade da maioria dos brasileiros. Se, nesse processo insano, tiverem que detonar a democracia, isso não será problema.