A pressão da extrema-direita sobre o clã Bolsonaro após a prisão

Atualizado em 27 de novembro de 2025 às 10:34
Jair, Carlos, Flávio, Renan e Michelle Bolsonaro durante ato pró-anistia dos golpistas do 8 de Janeiro. Foto: Reprodução

A prisão de Jair Bolsonaro (PL) intensificou a disputa interna na direita e levou a família do ex-presidente a bloquear qualquer discussão sobre quem será o candidato do campo conservador em 2026, conforme informações do Globo.

O clã age para retardar o debate sucessório enquanto governadores e dirigentes partidários pressionam por uma definição que não dependa exclusivamente de Bolsonaro.

A estratégia da família é impedir que o momento de fragilidade do ex-presidente abra espaço para outros nomes de direita se reposicionarem. Entre sábado à noite e segunda-feira, Michelle, Eduardo, Flávio, Carlos e Jair Renan atuaram para suspender qualquer conversa sobre sucessão.

Carlos Bolsonaro declarou publicamente que não é hora de debater 2026 “enquanto os maiores absurdos políticos se acumulam contra o maior líder do país”, enquanto Flávio assumiu o papel de articulador nos bastidores, repetindo que só se deve tratar do assunto quando Jair Bolsonaro decidir.

Flávio reforçou o discurso ao dizer: “Temos vários candidatos que estão competitivos, caso não possa ser o presidente Bolsonaro. Vamos deixar para ouvir isso da boca do presidente Bolsonaro, no momento em que ele achar melhor.”

A tensão aumentou após Flávio, responsável por convocar a “vigília” que foi um dos motivos elencados para a prisão preventiva do pai, se tornar porta-voz da família — gesto que irritou Michelle, que não havia sido consultada.

Em reunião tensa no PL, ela pediu que todos evitassem qualquer menção ao pleito presidencial, afirmando que antecipar esse debate tiraria o protagonismo do marido em um momento delicado.

Governadores evitam conflito, mas aguardam definição

Mesmo cotados para herdar o espólio eleitoral da direita — Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado, Ratinho Júnior e Romeu Zema —, os governadores adotam cautela. Publicamente, seguem defendendo Bolsonaro e evitam qualquer sinal de movimentação que pareça oportunista. Um aliado de Tarcísio resume: o momento é de “não irritar a família”.

Tarcísio, considerado o principal nome para uma candidatura presidencial, não deseja um vice da família Bolsonaro, mas evita externar essa posição. O nome favorito para a chapa é Romeu Zema, segundo o colunista Lauro Jardim, do Globo.

Na última quarta-feira, o governador paulista voltou a dizer que será candidato à reeleição no estado. Afirmou ainda que recebeu “com muita tristeza” a prisão de Bolsonaro e que confia na inocência do aliado.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução

Disputa por liderança e risco de “emancipação” da direita

Nos partidos do Centrão — PP, Republicanos e União Brasil —, a avaliação é de que o congelamento do debate evidencia uma disputa por protagonismo. Para essas siglas, a família Bolsonaro teme que o movimento de direita se torne mais descentralizado, diminuindo seu poder de decisão.

Mesmo assim, líderes dessas legendas afirmam que qualquer reorganização da direita seguirá orbitando Bolsonaro, mesmo preso. O senador Ciro Nogueira é direto: “O primeiro critério do nosso apoio em 2026 é se comprometer a conceder perdão a Bolsonaro.”