A Prevent Senior está para o governo Bolsonaro como a Bayer para a Alemanha nazista

Atualizado em 7 de outubro de 2021 às 14:32
Bolsonaro e a Prevent Senior

A advogada Bruna Morato, que representa doze médicos da Prevent Senior, deu um dos depoimentos mais estarrecedores da CPI da Covid.

Bruna relatou que a empresa e médicos do tal “gabinete paralelo” fizeram um “pacto” para divulgar a hidroxicloroquina como remédio oficial contra a doença e, assim, tentar evitar um “lockdown” em conluio com o Ministério da Economia.

Ela falou à comissão na condição de responsável por ajudar na elaboração de um dossiê com denúncias envolvendo a operadora de saúde.

“Existia um plano para que as pessoas pudessem sair às ruas sem medo. Eles desenvolveram uma estratégia através do aconselhamento de médicos que posso citar de forma nominal – Antony Wong, Nise Yamaguchi, Paolo Zanotto – e que a Prevent Senior ia entrar para colaborar com essas pessoas. É como se fosse uma troca, a qual chamamos na denúncia de pacto, porque assim me foi dito”, declarou.

“O que eles falavam era em alinhamento ideológico. Tinha que dar esperança para as pessoas irem às ruas, e essa esperança tinha um nome: hidroxicloroquina”.

O estudo da Prevent Senior que utilizou cobaias foi endossado por Bolsonaro, filhos e acólitos como prova de que o “tratamento precoce” funcionava. 

O presidente da companhia, Fernando Parrillo, rebateu em março de 2020 o então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta quando ele criticou o “ambiente de transmissão” de coronavírus em um hospital do grupo. “Queremos que nos deixem trabalhar”, afirmou Parrillo.

Pouco depois Mandetta cairia.

A Prevent Senior serve ao governo como IBM, Bayer, Hugo Boss, Volkswagen, entre outras, serviram à Alemanha nazista. 

O livro “IBM e o Holocausto”, de Edwin Black, contou como os nazistas usaram as máquinas Hollerith para a contagem, organização e sistematização de dados de prisioneiros de campos de concentração. 

Em comunicado da época, a IBM chamou as acusações de “especulação”. Em 1925, as gigantes químicas Bayer e Basf se fundiram com outras quatro empresas, formando a I.G. Farbenindustrie.

A I.G. Farben fez uso de trabalho forçado em suas fábricas, incluindo cerca de 4.500 pessoas vindas dos campos. Em 1940, ordens foram dadas para se construir uma fábrica de borracha e combustível próxima a Auschwitz.

Após a guerra, executivos foram julgados por crimes praticados durante o conflito. Entre as acusações, estava a de que a I.G. Farben teria fornecido o inseticida Zyklon B, o gás tóxico que exterminava prisioneiros.

Após a guerra, a I.G. foi dividida em 12 braços, incluindo a Bayer e a Basf. Nenhum dos diretores foi condenado. Resta torcer que, com a Prevent Senior, seja diferente. 

O gás Zyklon B, desenvolvido pela IG Farben