A primeira baixaria da nova campanha foi a ‘homenagem’ de Aécio a Eduardo Campos

Atualizado em 4 de novembro de 2014 às 12:53
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O ‘homenageado’ e Aécio

A primeira baixaria da campanha do segundo turno veio na forma de uma suposta homenagem.

Aécio reverenciou, aspas, a memória de Eduardo Campos no discurso em que comemorou sua passagem para a fase final das eleições.

Vamos chamar as coisas pelo nome certo. O que Aécio fez foi exploração de cadáver com objetivos eleitoreiros.

O que ele deseja, muito mais que evocar o “amigo morto”, são os votos dos simpatizantes de Campos.

Segundo a colunista Mônica Bergamo, da Folha, a viúva Renata Campos está prestes a declarar apoio a Aécio.

Aécio poderia ter homenageado verdadeiramente Eduardo Campos se houvesse tomado sua imediata defesa quando o nome do candidato morto apareceu, levianamente, no noticiário das denúncias do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Mas não. Calou-se. Pior: tratou as afirmações de Costa como verdades absolutas, muito antes de qualquer investigação.

Isso apenas ajudou a manchar a imagem de Eduardo Campos.

Agora, quando Campos poderia enfim começar a descansar em paz, eis que Aécio invade seu túmulo e tenta trazê-lo para o centro do debate eleitoral.

Quase tão bizarra quanto a “homenagem” de Aécio a Campos foram declarações do vice de Marina em seu Twitter.

Beto Albuquerque, num espasmo de machismo gaúcho, disse que não é homem de levar desaforo para casa.

Como Marina, ele se fazia de vítima dos ataques do PT.

Não tenho procuração para defender o PT, de quem sequer sou eleitor.

Mas queria entender como Marina, que chegou chamando continuamente Dilma e o PT de símbolos da “velha política”, num tom de estrepitoso insulto, tem coragem de se dizer “ofendida”.

O que ela esperava? Que Dilma a elogiasse e aplaudisse como ícone da “nova política”?

Marina bateu de cara. Antes dela, Campos fizera o mesmo. Desqualificou Dilma desde o início: disse que era a primeira vez em décadas que um presidente entregaria um país pior do que recebeu.

Chegou a fazer uma piada duvidosa que remetia à eliminação do Brasil na Copa. Dilma estava levando o Brasil a perder de 7 a 1 mais uma vez, disse Campos: 7 de inflação e 1 de crescimento do PIB.

Com tudo isso, Beto Albuquerque se faz de vítima?

Pausa para rir, ou chorar.

Temos uma situação curiosa no Brasil. A oposição diz que o país vai acabar se Dilma vencer.

Isso não é terrorismo. É advertência, talvez.

Dilma diz que os mais humildes ficarão desprotegidos se a direita ganhar. Isso é terrorismo.

O tributo fajuto de Aécio e o choro patético de Albuquerque receberam, posteriormente, um complemento notável de FHC.

Os eleitores do PT são desinformados, segundo o sábio FHC. Provavelmente porque não concordam com a alta filosofia contida no noticiário da Veja, e da Globo, e do Estadão, e por aí vai.

FHC chamou também Dilma de gorda. E ei-lo defendendo uma campanha altiva, elevada, de ideias.

Sêneca disse que ao se lembrar de certas palavras que usara tinha inveja dos mudos. O mesmo vale para FHC.