
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro usou as redes sociais nesta quinta-feira (16) para criticar o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, apontado como favorito do presidente Lula para assumir a vaga deixada por Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF).
A reação veio após a divulgação de uma foto do encontro do presidente da República com líderes evangélicos no Palácio do Planalto, que contou com a presença de Messias.
Nos Stories de seu perfil no Instagram, Michelle compartilhou a imagem da reunião e incluiu três referências bíblicas: “Apocalipse 22:11, Números 24:9, Mateus 6:24”. O versículo de Mateus, usado com frequência por religiosos, afirma que “ninguém pode servir a dois senhores, pois amará um e odiará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro”.
A citação de Apocalipse 22:11 trata de justiça e integridade: “Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem é sujo, seja sujo ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda”. A escolha dos trechos foi interpretada como uma crítica direta ao AGU, que tem buscado aproximação com lideranças religiosas nos últimos meses.

A publicação de Michelle repercutiu entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que veem Messias como uma escolha política de Lula para ampliar o diálogo com o setor evangélico, tradicionalmente aliado da direita. Apesar de não citar nomes, as passagens bíblicas foram entendidas como uma mensagem de reprovação à reunião e à condução do governo petista junto às igrejas.
O encontro no Planalto contou com a presença do bispo Samuel Ferreira, líder da Assembleia de Deus de Madureira, e do deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP), além da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Lula tem intensificado as conversas com pastores e parlamentares evangélicos desde o início do segundo semestre.
Segundo fontes do governo, a presença de Messias na reunião foi um gesto político calculado. O ministro da AGU é considerado um dos auxiliares mais próximos de Lula e tem o apoio de lideranças do PT para ocupar a cadeira aberta no Supremo.
A indicação deve ser formalizada nos próximos dias, após sabatina no Senado Federal. Caso aprovado, Messias substituirá Barroso, que antecipou sua aposentadoria aos 67 anos, embora pudesse permanecer na Corte até os 75.