A reação do governo Lula sobre o envio de militares dos EUA ao Caribe

Atualizado em 16 de agosto de 2025 às 11:15
Lula, presidente do Brasil, e Donald Trump, do Brasil. Foto: reprodução

O governo brasileiro está acompanhando com atenção o envio de mais de 4 mil militares estadunidenses para a região do Caribe Meridional, em uma operação anunciada pelo presidente Donald Trump para supostamente combater cartéis de drogas. A movimentação, que inclui fuzileiros navais, submarinos nucleares e aeronaves de reconhecimento, ocorre em meio a tensões com a Venezuela e levanta preocupações sobre possíveis violações de soberania na América Latina.

Segundo o jornal O Globo, fontes do governo Lula (PT) indicam que a ação militar é vista como “preocupante em qualquer circunstância”, especialmente diante da possibilidade de incursões em territórios de países da região.

Apesar de as operações estarem concentradas em águas internacionais, conforme destacou a presidente do México, Claudia Sheinbaum, o alvo declarado dos Estados Unidos, o governo venezuelano de Nicolás Maduro, acendeu o alerta em Brasília.

Operação militar sem precedentes

O contingente enviado pelo Comando Sul dos EUA (Southcom) inclui o Grupo Anfíbio de Prontidão Iwo Jima, a 22ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais, submarinos de ataque nuclear e aeronaves P8 Poseidon. Documentos internos do Pentágono obtidos pela CNN indicam que a missão teria como objetivos principais:

– Combater organizações narcoterroristas na região;
– Proteger as fronteiras dos EUA contra imigração irregular;
– Garantir acesso irrestrito ao Canal do Panamá.

Fuzileiros navais dos Estados Unidos. Foto: Chang W. Lee/The New York Times

Um oficial da Marinha dos EUA afirmou que as tropas “estão prontas para executar ordens legais” conforme as necessidades do governo Trump. No entanto, especialistas questionam a eficácia dos fuzileiros navais em operações antidrogas, tradicionalmente conduzidas pela Guarda Costeira.

A escalada ocorre dias depois que Trump aumentou para US$ 50 milhões a recompensa pela captura de Maduro, acusado pelo Departamento de Justiça dos EUA de ligações com o narcotráfico. O presidente venezuelano reagiu com um alerta:

“Disse aos imperialistas que não se atrevam a atacá-lo, porque a resposta pode ser o fim do império americano”, declarou Maduro na última terça-feira.

Segundo o The New York Times, Trump assinou uma diretiva secreta autorizando operações terrestres, marítimas e aéreas contra grupos como o Tren de Aragua (Venezuela) e a MS-13 (El Salvador). O Brasil não estaria incluído na fase inicial do plano, mas foi pressionado a classificar o Primeiro Comando da Capital (PCC) como organização terrorista.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.