
O governo brasileiro está acompanhando com atenção o envio de mais de 4 mil militares estadunidenses para a região do Caribe Meridional, em uma operação anunciada pelo presidente Donald Trump para supostamente combater cartéis de drogas. A movimentação, que inclui fuzileiros navais, submarinos nucleares e aeronaves de reconhecimento, ocorre em meio a tensões com a Venezuela e levanta preocupações sobre possíveis violações de soberania na América Latina.
Segundo o jornal O Globo, fontes do governo Lula (PT) indicam que a ação militar é vista como “preocupante em qualquer circunstância”, especialmente diante da possibilidade de incursões em territórios de países da região.
Apesar de as operações estarem concentradas em águas internacionais, conforme destacou a presidente do México, Claudia Sheinbaum, o alvo declarado dos Estados Unidos, o governo venezuelano de Nicolás Maduro, acendeu o alerta em Brasília.
Operação militar sem precedentes
O contingente enviado pelo Comando Sul dos EUA (Southcom) inclui o Grupo Anfíbio de Prontidão Iwo Jima, a 22ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais, submarinos de ataque nuclear e aeronaves P8 Poseidon. Documentos internos do Pentágono obtidos pela CNN indicam que a missão teria como objetivos principais:
– Combater organizações narcoterroristas na região;
– Proteger as fronteiras dos EUA contra imigração irregular;
– Garantir acesso irrestrito ao Canal do Panamá.

Um oficial da Marinha dos EUA afirmou que as tropas “estão prontas para executar ordens legais” conforme as necessidades do governo Trump. No entanto, especialistas questionam a eficácia dos fuzileiros navais em operações antidrogas, tradicionalmente conduzidas pela Guarda Costeira.
A escalada ocorre dias depois que Trump aumentou para US$ 50 milhões a recompensa pela captura de Maduro, acusado pelo Departamento de Justiça dos EUA de ligações com o narcotráfico. O presidente venezuelano reagiu com um alerta:
“Disse aos imperialistas que não se atrevam a atacá-lo, porque a resposta pode ser o fim do império americano”, declarou Maduro na última terça-feira.
Segundo o The New York Times, Trump assinou uma diretiva secreta autorizando operações terrestres, marítimas e aéreas contra grupos como o Tren de Aragua (Venezuela) e a MS-13 (El Salvador). O Brasil não estaria incluído na fase inicial do plano, mas foi pressionado a classificar o Primeiro Comando da Capital (PCC) como organização terrorista.