A recusa da ajuda de Jandira Feghali a Flávio Bolsonaro é parte do marketing doentio de Jair. Por Sacramento

Atualizado em 26 de agosto de 2016 às 16:36

 

https://www.youtube.com/watch?v=sZz-yqgJ_Bs

 

Em pelo menos uma coisa Jair Bolsonaro é competente. O ídolo da patota reacionária tem uma capacidade ímpar de enxovalhar as esquerdas, não importam as circunstâncias.

O deputado deu mais uma demonstração dessa habilidade na noite de ontem, durante o debate dos candidatos à prefeitura do Rio. Ao ver o filho Flávio Bolsonaro (PSC) passar mal em frente às câmeras da Band, impediu a médica e deputada Jandira Feghali (PC do B) de prestar cuidados ao concorrente e herdeiro do clã.

“Ela vai dar estricnina para o meu filho”, disse o comandante da família, ignorando completamente a etiqueta e o republicanismo. A deputada reagiu chamando-o de fascista e lembrando que ele é réu por estupro.

Pouco depois desabafou no Twitter: “Flávio Bolsonaro acaba de passar mal no debate. Como médica tentei socorre-lo, mas o pai negou. A que ponto chegamos”, escreveu.

A indignação de Feghali é justa, porém a perplexidade é descabida.

Quando recusou a ajuda de uma adversária, Bolsonaro estava sendo Bolsonaro e nada mais.

Aproveitou o momento para exibir seu ideário político, um campo deserto de propostas razoáveis onde discursos de ódio e preconceito prosperam como ervas daninhas. No debate de ontem o candidato era o Bolsonaro filho, mas foi o pai quem usou do seu marketing eleitoral.

Engana-se quem acredita que ele age por ideologia. Parte desse ódio contra homossexuais e defensores dos direitos humanos é mau-caratismo, sem dúvida, mas amplificado para chegar aos ouvidos dos analfabetos políticos que o apoiam e elegem.

É um jogo que vem dando certo. Deputado federal há mais de 25 anos, é pai de um vereador, um deputado estadual e um federal. Depois de passar anos no Congresso fazendo quase nada a não ser combater pautas progressistas e bradar contra a delirante ameaça comunista, pretende disputar as eleições presidenciais de 2018.

O anseio de chegar ao Palácio do Planalto fez com que ele contratasse um marqueteiro. Segundo matéria publicada no El País, seria um profissional paulista, com experiência nos Estados Unidos e defensor da intervenção das Forças Armadas no Brasil.

Como é improvável que a estratégia de marketing seja adestrar o chucro parlamentar para que ele conquiste o voto por meio de propostas em vez de ofensas, é de se esperar bizarrices ainda piores que a apresentada no debate da Band.