A recusa de Bolsonaro em mostrar seu teste de coronavírus é um atentado contra o povo brasileiro. Por Nathalí

Atualizado em 20 de março de 2020 às 16:53
Presidente Jair Bolsonaro Foto: SERGIO LIMA / AFP

Quais as consequências de uma pandemia num país sem presidente?

O iminente colapso do sistema de saúde é apenas uma delas.

Por aqui, a comitiva de Bolsonaro é responsável por mais da metade dos casos confirmados de Coronavírus no Distrito Federal.

Na manifestação do dia 15 de março, o presidente saiu sem máscara e posou pra selfie com idosos do próprio gado.

Numa de suas tantas lives catastróficas, disse não haver razão para pânico (nota: há razão para pânico desde outubro de 2018) e, agora, acredite se quiser: recusa-se a mostrar os testes para o vírus.

Ele se submeteu a dois deles, um no dia 12 e o outro no dia 17, e informou nas redes sociais ambos acusaram negativo, mas não mostrou documento formal das análises.

Logo ele, o lacrador do Twitter, o que mata a cobra e mostra o pau, o dito defensor da transparência, o que, para os bolsonaristas – aqueles que ainda restaram – não tem nada a esconder.

O que ele teme, afinal? Ter que ficar em quarentena como qualquer cidadão comum?

A Folha  solicitou à Secom cópia do exame, mas não obteve resposta. O gado, por sua vez, nada solicita. Prefere morrer sendo gado a questionar o mito.

Acontece que não é só o próprio gado que Bolsonaro coloca em risco com seu comportamento inconsequente: é, ao fim e ao cabo, o país inteiro.

O que o presidente tem feito não é uma irresponsabilidade, é um crime contra toda uma nação, e as consequências podem ser – e serão – muito maiores do que a perda da popularidade que já não tinha.

O mal que ele causa ao Brasil desde as eleições não é suficiente?

O mito que os bolsonaristas ovacionam deixou de ser apenas um inútil para transformar-se em uma bomba biológica ambulante.

Enquanto os cidadãos comuns estão sujeitos até mesmo a pena de prisão se descumprirem a quarentena em suspeita de corona, o Presidente da República pode promover aglomerações e colocar a vida da população em risco sem nenhuma consequência.

Esse é o Brasil de ninguém.

Resta-nos manter distância dessa gente – coisa que aliás sempre buscamos fazer – e torcer para que a seleção natural faça o seu trabalho.