
A propaganda eleitoral na TV para os candidatos à presidência começa hoje e Geraldo Alckmin, do PSDB, já cometeu a sua primeira gafe.
Um vídeo divulgado na sexta-feira, via whatsapp e depois postado no Twitter e na página do Facebook do candidato, numa espécie de avant-première da campanha televisiva, é uma cópia vergonhosa.
Criado para atacar Jair Bolsonaro, mostra uma bala estourando os diversos problemas brasileiros.
Seria até interessante não fosse idêntico à campanha inglesa Guns kill: Kill guns de 2007 (assista aqui para ver a semelhança).
Pega de surpresa com a repercussão negativa, a campanha do tucano disse se tratar de um “remake”.
Não é a primeira vez que Geraldo se atrapalha na sua propaganda eleitoral.
Em 2008, quando concorreu à prefeitura de São Paulo e sequer chegou ao segundo turno (a disputa ficou entre Marta e Kassab), acabou demitindo o marqueteiro Lucas Pacheco logo na primeira quinzena, após ter passado pelo constrangimento de não conseguir entregar a fita e ver uma tela preta durante os intermináveis minutos do espaço reservado ao PSDB.
Dois anos antes, em 2006, na sua primeira tentativa de chegar à presidência, Geraldo conseguiu chegar ao segundo turno embalado pelas candidatutas majoritárias nos estados, mas amargou um feito inédito na disputa contra Lula: fechou a campanha com 37,5 milhões de votos, 2,4 milhões a menos do que tinha amealhado no primeiro, após um vai e volta de ideias e propostas pra deixar qualquer um biruta.
Já dissemos aqui no DCM que o problema de Geraldo é ele mesmo, não os marqueteiros.
Introspectivo, sem arroubos de criatividade, avesso à inovação e à ousadia, sabe-se lá como venceu três eleições para o governo de São Paulo sem nunca mudar o figurinho de tiozinho de Pindamonhangaba que gosta de percorrer pequenos comércios e contar as mesmas piadas encostado no balcão da padaria.
Toda vez que precisa sair desse cenário, e principalmente quando está em vôo solo como agora, se atrapalha.
Foi assim no segundo turno, em 2006, e em 2008, quando enfrentou um PSDB dividido entre a sua candidatura e a do então prefeito Gilberto Kassab – tinha o apoio de Serra, Aloysio e Goldman, os mesmos que hoje suam as camisa para destruir João Doria e são incapazes de dar uma mão ao colega.
Só conhecendo Geraldo para entender a sua peculiar forma de se comunicar.
Certa vez, sobrevoando a região de Ribeirão Preto, pediu à sua assessora de Imprensa um bloco de notas e uma caneta. Nas coxas, escreveu meia dúzia de perguntas.
– Toma, entrega isso para os repórteres, ordenou, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.
Do alto do importante cargo que ocupava, perdeu naquele sobrevôo a oportunidade de fazer um treinamento ao vivo, interagindo com os repórteres sem querer manter o controle de tudo.
O problema é que numa eleição à presidência, num país com as dimensões do Brasil, e nesta conjuntura tresloucada que vivemos, não dá para agir da mesma maneira, e a questão que fica é se está preparado para sobreviver.
Pela cópia deslavada do primeiro filme da propaganda de TV, o mais provável é esperar o obvio, no melhor estilo “decoreba” do candidato.