A resposta altiva do goleiro chamado de ‘preto fedido’ por torcedores do Grêmio

Atualizado em 20 de setembro de 2014 às 6:49
Spider em ação
Spider em ação

Ladies & Gentlemen:

Boss me liga, altas horas de Londres, para me contar, furioso, que Spider, o goleiro do Santos, foi chamado de macaco e “preto fedido” por torcedores do Grêmio.

“Eu tinha que falar com alguém, Scott”, disse ele.

O que mais doeu em Boss: uma frase de Spider, dita a um pelotão de repórteres depois da partida.

“Isso dói”.

Boss me disse que a mesma torcida, recentemente, fizera piada com a morte de um jogador que era ídolo do time rival, Fernandão.

Se você não respeita a morte, não respeita nada, penso comigo.

Que torcida é esta?

Por que ninguém faz nada?

Faço estas perguntas a Boss no telefone, separados por um oceano e unidos na indignação.

Boss me conta que é mais uma entre tantas torcidas que fazem coisas absurdas.

A do Almighty, lembra Boss, participa constantemente de brigas selvagens. Recentemente, numa delas, uma pessoa morreu. Foi assassinada.

“E ninguém faz nada?” – pergunto a Boss.

O silêncio dele é a resposta. Não, ninguém faz nada.

Bem, no caso de Spider, reflito comigo mesmo, alguém fez. Ele mesmo. Ao gritar para o mundo que o chamaram de “preto fedido”, o arqueiro do Santos teve um gesto que merece aplausos.

Como escreveu Dr. Johnson, o pior pecado depois do pecado é a publicação do pecado.

Spider publicou o pecado da torcida do Grêmio. É um primeiro, e essencial passo, para combater o racismo dessa torcida.

Sincerely.

Scott

Tradução: Erika Kazumi Nakamura