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A saída de Cunha será entregar o governo do interino que não conseguiu salvá-lo. Por Kiko Nogueira

 

A farsa que se delineava nas reuniões do Conselho de Ética da Câmara que decidiam o destino de Eduardo Cunha teve uma reviravolta: Cunha levou a pior por 11 a 9.

O espetáculo dantesco da votação do impeachment se repetiu numa escala menor em quantidade, mas igualmente desprezível em qualidade. Cunha foi traído por seus paus mandados.

Os argumentos a favor dele se limitaram a dar ao canalha o papel de herói do afastamento de Dilma. Os fins justificam os meios. Sabe-se que, na verdade, os vagabundos estão no bolso de Cunha e nas suas mãos de chantagista.

Tia Eron resolveu finalmente aparecer, deu seu show de pilantragem, se vitimizou, mas acabou votando contra o ex-presidente da Câmara e mentor. No meio de discursos sem sentido e auto referentes, abusou da palavra “ressignificar”.

Eronildes acabou, no entanto, sendo um fator que desequilibrou a sessão. Por causa dela, seu conterrâneo, o deputado baiano Wladimir Costa (SD-PA), resolveu também apunhalar seu proprietário nas costas após falar que o sujeito era honesto etc etc.

Enquanto os palhaços falavam, o dono do circo estava no Rio de Janeiro, sendo vaiado em sua visita ao parque olímpico na primeira vez em que põe sua falta de pescoço para fora.

Segundo Temer, ele não tem nada a ver com Eduardo Cunha. “Vocês sabem que, desde o primeiro momento, eu disse que precisamos reconstitucionalizar o país. Ou seja, precisamos acabar com essa história do Executivo se metendo nas coisas do Judiciário e do Legislativo”, disse numa coletiva.

Mentira. Temer moveu fundos e fundos para salvar EC. Eliseu Padilha capitaneou as negociações. Na semana passada, pressionou Tia Eron, através do presidente licenciado de seu partido, o ministro Marcos Pereira, no sentido de indultar Cunha. Nem isso deu certo.

Temer é um inepto e seu governo vai para a vala dos indigentes com o comparsa que o colocou na presidência. O Brasil aguarda, agora, que Cunha cumpra sua promessa e entregue o nome dos 150 parlamentares e do senador em sua delação premiada.

Um elemento podre pode ele mesmo representar a depuração do sistema. Delata, Cunha!

 

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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